a velha máquina esquecida AR/CL

Nunca mais ali vortei

Para a máquina eu oliá

Argumas tecla quando ôiei

Tava quereno se desmanxá

Da máquina tinha min isquicido

Ela qui tanto tinha min servido

Tava impoeirada nun lugá.

Que tristeza intão qui min deu

Oiano a minha prevercidade

Ela qui tanto ajudou eu

Tava isquicida de verdade

Agora qui temo o computadô

Ninguém mais óia a sua dô

Min adiscurpe a minha mardade!

Se a máquina de escrever

Tivéci o podê de falá

Ancim diria para eu vê

Purque nun vêi mais min oliá

Sua tequinologia do momento

Te cauzô isquicimento?

Pruquê nun vêi mais min limpá?

Agora já num min qué mais

Despois qui o teclado xegô

Ajudei teus ancestrais

Aqueles versos a compô

A minha tinta vermelha e preta

Hoje já num é mais porreta

Despois do teu cumputadô.

Dexa meus ferro se corroê

Dexa o ferrugi min matá

Tudo se finda no pruquê

Quando o ferro véi min amassá

Muitas coisa já escrevi

Quando quis eu te servi

De min vai sempre lembrá.

(Cumadi Claraluna tomém vêi relembrá a váia máquina de escrevê)

Véia máquina quirida

Tanto tempo si passô

Hoji ocê tá isquicida

Prumodi u cumputadô

Quanta carta apaxonada

Puisia à mulhé amada

Das suas tecra brotô.

Tua fita preta i vermêia

Mi lembrava meu framengo

Paxão forti aqui na vêia

Timi quiridu, meu dengo

Ocê fêiz parti da vida

Agora quasi isquicida

Mais do timi inda mi alembro.

Foi in ti qui escrivinhei

Minha primeira puisia

Qui pelo correi mandei

Pra minha mana Maria

Qui istudava na cidadi

I si formô di verdadi

Na tar di Filosofia.

Ocê careci di azeite

Prumodi o ressecamentu

Antis qui ninguém ti aceite

I pra num vê seu turmentu.

Aquela tecra impenada

Recebeu muita porrada

Teimava qui nem jumentu.

Cumpadi Airãm amei este seu cordel bunitu purdimais. Beijus, Hull

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 01/02/2010
Reeditado em 02/02/2010
Código do texto: T2063279