NÃO TENHAS MEDO!

Não tenhas medo!

Cortemos as asas dos sonhos e

os delírios perduraram pouco,

somente o tempo do leito.

                      Não tenhas medo!

                      Coloquemos em nossos peitos

                      um escudo sano, inquebrantável

                      que resfria das mentes incautas

                      pensamentos de projeções.

Não tenhas medo!

Calemos o mais sútil dos segredos,

abafemos a boca do desejo e

os sons sedutores morrerão a míngua.

 

                    Não tenhas medo, Moço!

                    É velho esse tal de  Amor.

                    Corramos, pois, dele

                    e ele não nos alcançará.

       À vista do sentimento não nos coloquemos

         por certo ele nos perderá pelos labirintos.

Não tenhas medo, eu digo

na hora exata em que ele me apavora.

Porque por mais que driblemos o amor

ele nos assola noite adentro

e nos faz perder o sono;

e nos traz a cabeça imagens;

e nos convulsiona a carne;

e nos parte a verdade;

e nos quebra ao meio...

Então adormecemos velhos

retesados de vida e gozo.


               Mas, não tenhas medo,

               um dia ele passará e uma
               Outra  nos aguardará, 

               infelizmente!

Já não será o medo,

não será o amor,

não será o desejo,

não será o sonho,

será Ela.
                Aquela que se assenhora

                dos incautos e dos cautos,

                que os leva sem dó nem piedade,
                segurando firme com as mãos, 
                e dela já não se poderá mais fugir.
Será só serenidade.

Será só eternidade,

sem corpos,

sem alma,

em fogo;

livres, enfim,  das voluptosas vontades.


               Sim, ela nos aguardará

               e terá  na cabeça uma grinalda dourada,
               cujas folhas o vento não pode roubar.
                  - Talvez seja exatamente agora
                    esse aguardar, quem o saberá? -
               Sim, ela pacientemente nos observa.
               Sentada na poltrona Tempo, 
               toda ornada como em dia de festa,
               ela nos espera e
               por uma brisa fresca vestida de negro, 
               ela se fará passar... 

               E a cinza prata dos nossos cabelos
               não nos avisará. 
               Então, não tenhas medo, Moço! 


Para um Moço Bonito. 

Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 05/07/2007
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T553223
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