A Impostergável Rosa Acróstica

Restituo-lhe o carinho impressentido

Os abraços que se perderam num vão

Nosso único bem talvez construído

Ilhado por um oceano de decepção.

E o tempo haverá de sanar a ferida -

Ferida cruenta e fatídica da nossa alma

E então talvez a morte, (talvez a vida)

Retire da tempestade uma brisa calma...

Nada porém será como o que poderia

Antes da grande guerra ser deflagrada.

Nós dois enfim perdemos (e quem não perderia?)

Depois de errar tanto o caminho numa estrada!

Escrevo-te assim sabendo-nos condenados

Sem qualquer apelação pelo bem perdido.

Dedico -não para você, essa poesia triste

Entrecortada de desgaste e gritos de perdão

Já a dediquei à vida trapaceira que resiste

E que joga e aposta nos que sempre perderão.

Sonhemos e esperemos, meu triste e amado amigo

Um dia, quem sabe, reencontrando-me contigo

Silenciaremos nossas dores (e nossas almas cantarão!)

Marcos Aurelio Paiva
Enviado por Marcos Aurelio Paiva em 13/09/2006
Reeditado em 13/09/2006
Código do texto: T239069