DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, VISÃO DO ADMINISTRADOR

RESUMO

1 – As abordagens sobre a sustentabilidade inovadora têm ganhado cada vez mais adesão e um importante aliado a que as empresas podem recorrer para vencer esse desafio, são os Arranjos de Produções Locais (APLs), aglomerações espaciais comumente conhecidas aqui no Brasil como distrito industrial, eles geram no mínimo ganhos de escala, contudo, melhor seria se fosse dada maior ênfase na Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Local (RedeSist). No Brasil, a inovação tecnológica sinaliza como um fator importante para promover o desenvolvimento sustentável. A simbiose industrial e os Parques Eco-Industriais surgem como solução de arranjo produtivo para as comunidades sustentáveis. 2 – Com o desenvolvimento sustentável, todos só têm a ganhar; beneficiam-se as empresas que aderirem ao sistema, pois, é notório que os consumidores estão cada vez mais atentos a esse diferencial, reagindo favoravelmente a essas empresas e, por conseguinte ganha a sociedade e o Planeta com a preservação do meio ambiente. Mesmo considerando o princípio de que o objetivo básico da empresa é a geração de lucro, não é necessário agredir o Planeta a fim de auferi-los; existem vários exemplos de empresas de sucesso que alcançaram os louros se valendo do desenvolvimento sustentável. 3 – O processo de re-direcionamento estratégico para atender ao desenvolvimento sustentável consiste num importante obstáculo, e para transpor essas barreiras é necessária uma análise tanto do ambiente interno como externo, onde caberá ao administrador tomar decisões que apóie o processo para um planejamento estratégico inovador e sustentável, cada vez mais fica evidenciado que o fato da empresa se preocupar com a sustentabilidade tem funcionado como Share of mind (fixação da marca na memória), uma medida de aferição do conhecimento da marca de produto ou instituição que um determinado público tem na memória, em dado momento. 4 – Desenvolvimento com responsabilidade, esse deve ser o papel do administrador contemporâneo, cujas decisões devem ser respaldadas na ética e no bom senso, pensando sempre no futuro, nas conseqüências advindas das decisões tomadas; a conseqüência natural de ações como essas é inserção no mercado não apenas de novos produtos, como também de novos processos. É necessário que todos tenham consciência da importância em se preservar a ecologia e o meio ambiente, pois, ao destruí-lo, será impossível sua recuperação. É nesse contexto que o desenvolvimento sustentável vem se tornando uma questão de sobrevivência tanto para os empresários, governantes, representantes de entidades não-governamentais e da sociedade em geral.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; Inovação; Preservação; Meio Ambiente; Sobrevivência.

INTRODUÇÃO

Não é de hoje que ambientalistas do mundo inteiro alertam para o perigo do aumento da poluição e destruição do Planeta, em todos os seus ambientes, quer na terra, água ou ar. De maneira contínua o homem tem destruído o lar de milhões de espécies, conseqüentemente ameaça sua própria existência.

Infelizmente, um setor que contribuiu para essa degradação foi o indiscriminado crescimento industrial do último século. O aumento do número de fábricas, o consumo de produtos industrializados, exploração de matérias-primas cada vez mais escassas, produção de lixo não-orgânico e emissão de poluentes na atmosfera está estreitamente ligado à destruição do ecossistema.

Mas, se por um lado esse avanço prejudicou o equilíbrio da vida no Planeta, esse mesmo crescimento industrial também colaborou para a melhoria da qualidade de vida de inúmeras pessoas e nações inteiras. Não é à toa que o modelo de vida atual, além de todos os anseios da sociedade, esteja calcado nesse tipo de sistema econômico.

Assim, fica para os empresários e governantes, além de representantes de entidades não-governamentais e da sociedade em geral, a difícil tarefa de encontrar caminhos para tornar possível a sustentabilidade entre o modo de vida humano atual e a tão desejada preservação ambiental.

A boa notícia é que algumas empresas já começaram a colaborar para que seus produtos e atividades poluam cada vez menos, seja durante o processo de industrialização, ou depois de acabados, como é o caso do seguimento automotivo, onde as montadoras optam por usar componentes possíveis de serem reciclados; também os novos veículos já rodam emitindo níveis de gases tóxicos cada vez menores, atuando assim de maneira mais limpa.

1 SUSTENTABILIDADE INOVADORA E MUTUALIDADE CORPORATIVISTA

Os hábitos dos consumidores vêm passando por profundas transformações, e nos últimos anos eles estão cada vez mais exigentes em seus critérios, valorizando mais aquelas instituições que se preocupam com o meio ambiente, e essa valorização se traduz muitas vezes em fidelização.

A busca por qualidade se faz presente em todos os seguimentos da sociedade, quer na área educacional, cultural, profissional etc. Com uma concorrência cada vez mais acirrada, evidencia-se também a necessidade de uma maior adequação das organizações, na busca de competitividade, a fim de sobreviver aos constantes desafios. Contudo, essa competitividade não pode resultar num crescimento desordenado, sem a preocupação com as gerações futuras.

Hoje, em toda parte do globo terrestre, já existem pessoas preocupadas com preservação dos recursos naturais. As Organizações das Nações Unidas (ONU) em debates na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, objetivando encontrar maneiras de harmonizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, estabeleceu a definição até aqui mais aceita de desenvolvimento sustentável, ou seja: “desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações”.

O desenvolvimento sustentável já está sendo praticado por muitas empresas que perceberam essa necessidade, e estão se adequando a essa realidade. Contudo, a preocupação com o meio ambiente não pode e não deve frear o crescimento das organizações, é preciso que a empresa busque a inovação em relação aos antigos processos, encontrando diferentes meios de usar os recursos disponíveis.

Segundo o consultor e especialista em Administração Estratégica do Serviço ao Cliente (University of Califórnia, Berkeley), Fábio Marques, (Revista Brasileira de Administração – Março/Abril de 2008) “muita gente associa automaticamente inovação com novos produtos, mas essa é uma pequena parcela do amplo alcance da inovação”; portanto, um sistema de inovação deve contemplar ou integrar não apenas os diversos departamentos da empresa como também o relacionamento com os clientes e toda a cadeia necessária para um desenvolvimento eficiente e sustentável.

Sobre essa questão, que abrange o conceito de mudança organizacional, diversos autores relacionam diferentes tipos de mudanças interdependentes, de naturezas tecnológicas, estratégicas, estruturais, comportamentais, entre outras. Kochan e Useem (1992) tratam do desafio de alcançar mudanças sistêmicas no contexto organizacional, envolvendo atividades altamente interdependentes: a reestruturação estratégica, o uso da tecnologia e dos recursos humanos para alcançar vantagem estratégica e o redesenha da estrutura e das fronteiras da organização.

Para esses autores é a integração de fatores organizacionais e humanos com a técnica que irá determinar o pleno uso das tecnologias, resultando em benefícios concretos para os diferentes stakeholders da organização, e, conseqüentemente, o desenvolvimento esperado. Outro importante aliado ao qual as empresas podem recorrer na busca pela sustentabilidade inovadora é a parceria. Os Arranjos de Produções Locais (APLs) – que são as aglomerações espaciais comumente conhecidas aqui no Brasil como distrito industrial – geram no mínimo ganhos de escala, contudo melhor seria se fosse dado maior ênfase na Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Local (RedeSist), cujo conceito diz:

Conjuntos de agentes econômicos, políticos e sociais localizados em um mesmo território, que desenvolvem atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos expressivos de produção, interação, cooperação e aprendizagem. Geralmente incluem empresas – produtoras de serviços finais, fornecedoras de equipamentos e outros insumos, prestadoras de serviços, comerciantes, clientes, cooperativas, associações e representações etc – e demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento (LASTRES e CASSIOLATO, 2005, p. 11-12).

Esse é um modelo de sistema que se propõe estreitar os relacionamentos, onde a troca de informações leva a um ganho mútuo, pois, os envolvidos, tendo atividades semelhantes, contribuem para o desenvolvimento comum, apresentando vínculos expressivos de interação, cooperação e aprendizagem. Assim, ninguém deve despender recursos para re-inventar a roda, podendo destarte, canalizar suas energias para novas pesquisas.

1.1 INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NO BRASIL

O desenvolvimento econômico e empresarial do Brasil há muito deixou de se basear na produção e exportação de produtos primários e intermediários de baixo valor agregado para se apoiar, cada vez mais, na capacidade das empresas desenvolverem soluções inovadoras. Este novo cenário envolve a geração e sustentação de instituições, empresas e indivíduos, capazes de transformar o conhecimento existente em negócios e, conseqüentemente, em crescimento econômico e social.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem disseminando desde 2005 o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), que avalia a cotações de empresas socialmente responsáveis. A balança do mercado consumidor já começa a pender para o lado daqueles que investem em responsabilidade social, e o alto faturamento das empresas que integram o (ISE) sinaliza que elas estão no caminho certo.

Assim, é importante acompanhar a evolução do mercado, verificando o que de fato está ocorrendo com ele, seja em termos de novas tecnologias, serviços, produto entrante ou substituto. Da mesma forma, devem ser acompanhadas as variações de consumo dos clientes, e se essas variações têm ligação com a mudança de hábitos, ou se estão relacionadas com o meio-ambiente.

A competitividade está sempre em ascensão e os administradores são obrigados a tomar decisões sempre com a máxima eficiência para que suas empresas possam sobreviver no mercado. E o que se percebe, atualmente, é que as questões relacionadas com a inovação e sustentabilidade regional estão sendo cada vez mais debatidas nos variados seguimentos empresariais.

No Brasil, a inovação tecnológica sinaliza como um fator importante para promover o desenvolvimento sustentável. A simbiose industrial e os Parques Eco-Industriais surgem como solução de arranjo produtivo para as comunidades sustentáveis. Porém, quando esses parques industriais são submetidos à análise mais atenta percebe-se que o modelo de desenvolvimento adotado ainda não condiz com o exemplo de um projeto de inovação que se espera.

É necessário que se façam pesquisas na área ambiental e que, principalmente, seja diminuída a distância entre o pensar e o realizar, pois no que se refere a projetos para reciclagem e reutilização de subprodutos em parques industriais, as gavetas estão cheias. Sobre essa questão de mudança Mañas afirma:

O que se tem como experiência é que as organizações precisam estar convivendo com mudanças diversas no decorrer de sua existência. Para isso, acionam seus colaboradores internos e externos no sentido de definir ordens novas a seus movimentos, daí sabermos que as transformações que podem modificar suas vidas, deixando-as competitivas e porque não bem sucedidas, ocorrem em seus negócios atuais e futuros, em suas estruturas organizacionais, na tecnologia que utilizam e podem vir a utilizar e no comportamento das pessoas que são sem sombra de dúvida as que podem incorporar a mudança inovatória (2001, p. 44).

Percebe-se, portanto, que inovar é muito mais que criar novos produtos, é ter idéias e colocá-las efetivamente em prática. Nesse contexto a figura do administrador é de fundamental importância, para agenciar uma mudança organizacional necessária ao verdadeiro desenvolvimento sustentável e inovador.

1.2 O QUE TORNA UMA EMPRESA VERDADEIRAMENTE INOVADORA?

Segundo matéria no site www.administradores.com.br “uma empresa inovadora é aquela que baseia a sua atividade na introdução de novidades ou aperfeiçoamentos no ambiente produtivo ou social”; a conseqüência natural de ações como essas é inserção no mercado não apenas de novos produtos, como também de novos processos. O consultor em administração Fábio Marques, na entrevista que concedeu à Revista Brasileira de Administração, assegura que:

Uma empresa pode ser considerada inovadora quando consegue perceber novas maneiras de utilizar os recursos disponíveis, novas formas de administrar seus processos e de estabelecer relacionamentos com seus clientes, funcionários, fornecedores, concorrentes, acionistas e a comunidade em que atua” (RBA-Março/Abril de 2008).

O que se percebe é que os benefícios obtidos com a implementação de um programa de desenvolvimento sustentável evidenciam sua relevância em toda e qualquer organização verdadeiramente inovadora. Os princípios e as iniciativas aqui abordadas identificam-se com as tendências atuais de criação de um ambiente de aprendizagem permanente, revelando o comprometimento da organização e de seus dirigentes com o aprimoramento contínuo, pesquisando e avaliando os impactos das decisões tomadas.

Dentro de um objetivo claro e específico, a empresa deve manter um processo constante de desenvolvimento inovador, e essas exigências ensinam que ela deve estar alicerçada por programas de treinamento teóricos e práticos, com base no qual se possa definir o que deve ser preservado tendo clareza suficiente para mudar tudo o que for necessário.

2 BENEFÍCIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Conforme Marras (2000, p. 135), os novos paradigmas no mundo dos negócios exigem cada vez mais intensidade e velocidade das organizações e de seus talentos, postura esta alinhada com a realidade global, isto é, sintonizadas e completamente aptas a enfrentar os cenários que as circundam.

Com o desenvolvimento sustentável todos só têm a ganhar, beneficiam-se as empresas que aderirem ao sistema, pois é notório que os consumidores estão cada vez mais atentos a esse diferencial, reagindo favoravelmente a essas empresas e, por conseguinte ganha a sociedade e o Planeta com a preservação do meio ambiente.

Muitas empresas de olho na reação por parte dos consumidores apostam nessa convergência e já estão investindo firme no desenvolvimento com base na sustentabilidade. Percebe-se que mesmo aqueles que não são ativistas a favor da preservação do meio ambiente, estão se movimentando na direção do desenvolvimento sustentável, afim de não sucumbirem diante da opinião popular.

Agora o ideal é que haja uma verdadeira conscientização e o reconhecimento por parte de todos de que os recursos naturais são limitados e, portanto, finitos. Assim, o Planeta agradece respirando aliviado, com menos pressão da descomedida escalada rumo ao crescimento das empresas. Débora Nobre e Rafael Imolene (2007), num artigo que deu origem a capa da Revista Brasileira de Administração, prevê que:

O aquecimento global previsto para este século provocará um aumento no nível do mar, extinguirá espécies animais e vegetais e provocará eventos climáticos extremos, como ondas de calor, desertificação, tufões e furacões de intensidades jamais vistas. E tudo por culpa do homem e seus poluentes despejados no planeta (Março/Abril de 2007).

Ainda, segundo os mesmos autores, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que faz parte daqueles que apostam na criação de um “selo ambiental” afirmou durante um debate em Brasília que “O mundo está investindo na criação de uma marca ética para seus produtos. Essa é a linha que estamos seguindo”.

Vê-se que esta marca como símbolo de responsabilidade social, faz parte de princípios e iniciativas adotadas no processo de um programa de gestão que se identifica com as tendências atuais de criação de um ambiente onde o desenvolvimento se equipara com a preservação ambiental, revelando o comprometimento do gestor com o aprimoramento contínuo, sabendo que os benefícios obtidos com a implementação de um programa como esse evidenciam sua relevância não só na organização como em todo o globo terrestre.

Contudo, os projetos de desenvolvimento sustentáveis não devem se remeter apenas a algumas ações isoladas, mas a atitudes permanentes do empresariado, onde deve impor-se o desafio de avaliar e conservar os impactos das decisões tomadas nesse sentido, buscando sempre a inovação adquirindo o hábito da atualização contínua, pois as mudanças ocorrem freqüentemente num mundo globalizado, sendo de suma importância acompanhar todas as variações.

2.1 LUCRATIVIDADE SUSTENTÁVEL

Mesmo considerando o princípio de que o objetivo básico da empresa é a geração de lucro, não é necessário agredir o Planeta a fim de auferi-los; existem vários exemplos de empresas de sucesso que alcançaram os louros se valendo do desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo em que criam os objetivos e definem estratégias, elas se preocupam como isso irá afetar o meio ambiente e conseqüentemente a sobrevivência da humanidade, essas organizações conseguem sempre uma maneira de alcançar uma maior rentabilidade cuidando do Planeta ao mesmo tempo. Sobre a atenção que devemos ter para com o nosso planeta, afirma Leonardo Boff:

Cuidado todo especial merece nosso planeta Terra. Temos unicamente ele para viver e morar. É um sistema de sistemas e super organismo de complexo equilíbrio, urdido ao longo de milhões e milhões de anos. Por causa do assalto predador do processo industrialista dos últimos séculos esses equilíbrios estão prestes a romper-se em cadeia. Desde o começo da industrialização, no século XVIII, a população mundial cresceu 8 vezes, consumindo mais e mais recursos naturais; somente a produção, baseada na exploração da natureza, cresceu mais de cem vezes. O agravamento deste quadro com a globalização do acelerado processo produtivo faz aumentar a ameaça e, conseqüentemente, a necessidade de um cuidado especial com o futuro da Terra (1999, p 133).

Cuidado nunca é demais e, no caso do globo terrestre, a necessidade urge. Durante o período em que está sendo redigido este artigo, os países ricos assinaram um acordo para reduzir pela metade a emissão de gases tóxicos num prazo de cinqüenta anos, mas, segundo especialistas, se não for tomado medidas mais eficientes até o ano de 2050 o Planeta já estará cozido.

Contudo, é perfeitamente plausíveis cuidar do Planeta, e as organizações, poderão fazê-lo sem abrir mão de auferir lucro.

3 DESAFIOS PARA IMPLEMENTAR A INOVACAO E SUSTENTABILIDADE

O processo de re-direcionamento estratégico para atender ao desenvolvimento sustentável consiste num importante obstáculo que deverá ser transposto pelos administradores das empresas hodiernas, pois, muitas ainda têm seus objetivos focados exclusivamente para objetivos rentáveis, sem se preocupar com o futuro da humanidade.

A inovação consiste na prática de idéias e oferece aos empresários a oportunidade de antecipar-se às tendências atuais de criação de um ambiente para o desenvolvimento sustentável permanente, revelando o comprometimento da organização e de seus dirigentes com o aprimoramento contínuo, mudando o foco exclusivo da rentabilidade como fim em si mesmo para aquele cujo rendimento não agrida ao meio ambiente.

Outro desafio que impede as empresas de transformarem idéias em ação concreta é justamente essa falta de habilidade em fazer com que a criatividade seja convertida em inovação, sendo que a mudança organizacional tem um papel importantíssimo nesse processo.

Segundo Drucker (2001), o desafio em termos de gestão para o século XXI está relacionado com o modo como as organizações lidam com as mudanças. O autor afirma não ser possível gerenciar as mudanças, contudo, pode-se estar à sua frente. As organizações precisam encabeçar a mudança, e, para isso, os administradores devem tratá-las como oportunidades. É importante relacionar a política de inovação com a política de criação mudanças. Sem estas políticas nenhuma organização pode esperar ser uma inovadora de sucesso.

Para transpor essas barreiras é necessária uma análise tanto do ambiente interno como externo, onde caberá ao administrador tomar decisões que apóiem o processo para um planejamento estratégico inovador e sustentável.

No eixo externo da análise organizacional encontram-se as oportunidades e ameaças. A interação com o ambiente externo é fundamental para que o administrador possa cumprir seu papel. A correta identificação das expectativas da sociedade é aspecto a ser considerado nessa análise; o apelo do mundo em prol da preservação ambiental deve ser levado em conta. Dessa análise surgirá variáveis que, por um lado, podem favorecer o desempenho de sua missão e, por isso, devem ser aproveitadas, ao mesmo tempo em que se identifica variáveis que dificultam o cumprimento dos objetivos desejados e, logo, precisam ser monitoradas, eliminadas ou minimizadas.

Enquanto que no ambiente interno encontram-se as forças e fraquezas que afetam a empresa no cumprimento da sua missão. No ambiente externo esses fatores dependem exclusivamente das decisões da alta administração, ou seja, são situações que estão sob o controle da organização. A importância da análise ambiental no apoio à formulação de estratégias deriva de sua capacidade de promover um confronto entre as variáveis externas e internas, facilitando a geração de alternativas de escolhas estratégicas, bem como de possíveis linhas de ação.

3.1 ATENDENDO OS ANSEIOS DE MUITOS

Da mesma forma como uma empresa cai em descrédito diante da opinião pública quando adota práticas reprováveis, o contrário também é verdadeiro; já se percebe claramente a aceitação, por parte das sociedade, as empresas que se professam defensoras do meio ambiente. Ainda que na visão de alguns os recursos canalizados para esse fim pareçam sem retorno a tendência é o repúdio a tal visão ou miopia empresarial.

O fato da empresa se preocupar com a sustentabilidade tem funcionado para o mercado como Share of mind (fixação da marca na memória) como uma medida de aferição do conhecimento da marca de produto ou instituição que um determinado público tem na memória. Mesmo que fosse uma mensagem subliminar (não é o caso) ainda assim se encaixaria perfeitamente na definição de Aurélio: “Diz-se de um estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, repetido, atua no sentido de alcançar um efeito desejado”.

Mas o que se percebe é que, para grande parte da sociedade, as empresas inovadoras, e que se aplicam ao desenvolvimento sustentável, não passam em branco, pelo contrário, deixam uma verde mensagem, com forte impressão de apreciação e confiança.

4 O PAPEL DO ADMINISTRADOR PARA ASSEGURAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Desenvolvimento com responsabilidade, esse deve ser o papel do administrador contemporâneo, cujas decisões devem ser respaldadas na ética e no bom senso, pensando sempre no futuro, nas conseqüências advindas das decisões tomadas. O que se espera do administrador é o despertar de suas potencialidades, permitindo que essas aflorem e cresçam até o nível desejado de resultados.

Conforme Chiavenato (1999, p. 326), o desenvolvimento de pessoas está intimamente relacionado com o desenvolvimento de suas carreiras. Carreira é uma sucessão ou seqüência de cargos ocupados por uma pessoa ao longo de sua vida profissional. Pressupõe-se que o administrador como um talento na organização apresente um bom desempenho demonstrando uma inequívoca disposição para o aprimoramento contínuo.

Na vida prática, corporativa e profissional, o talento é exatamente esse indivíduo que empenha seu cérebro e seu coração na arte de aprimorar sua obra e, com isso, aperfeiçoar a si mesmo. Não é um gênio, é apenas alguém que não se contenta com estagnação e não pára de evoluir, como profissional e como pessoa. Nesse sentido, é alguém que apenas atende ao apelo do destino do próprio ser humano; o desenvolvimento permanente, pois o que é certo, é que não estamos prontos, e jamais estaremos (IEL/NC/SEBRAE-NA, 2005, p. 73).

Bergamini (1997, p. 47) deixa claro que, com a Revolução Industrial, o novo rumo nos negócios gerou grande preocupação em termos da melhora dos procedimentos e da forma de trabalhar. Passou-se a exigir que o papel a ser desempenhado pelos administradores fosse não só de encontrar pessoas mais adequadas para os diferentes cargos, como também de treiná-las no uso de ferramentas e métodos mais produtivos. Há que se ressaltar que hoje muito mais que apenas produtividade o administrador deve assegurar que esse desenvolvimento não interfira na preservação dos recursos naturais disponíveis no Planeta.

4.1 SUSTENTABILIDADE, DIREITO DO PLANETA, DEVER DA HUMANIDADE.

Todos os seres vivos dependem do meio ambiente. O ar que respiramos, a água que bebemos, e a terra onde cultivamos alimentos são recursos naturais que precisam ser bem cuidados. Os desmatamentos, queimadas, poluição etc., são ameaças constantes ao meio ambiente; o uso inadequado dos recursos naturais vem prejudicando seriamente o equilíbrio da natureza, causando entre outros danos novos tipos de doenças, desaparecimento de espécies vegetais e animais, motivando impacto na agricultura e pecuária, eventos climáticos extremos tais como secas, inundações, furacões, incêndios.

É necessário que todos tenham consciência da importância em se preservar a ecologia e o meio ambiente, pois ao destruí-lo, não mais será possível sua recuperação. E nesse contexto o desenvolvimento sustentável vem se tornando uma questão de sobrevivência tanto para os empresários, governantes, representantes de entidades não-governamentais e da sociedade em geral.

Nos últimos dez anos o crescente apelo ao tema tem sido uma constante, tanto que os grandes gestores demonstram preocupações em inserir a sustentabilidade como elemento de competitividade nas suas estratégias, e não é apenas por querer ganhar mercado, mas, existe uma comoção genuína em relação à preservação do Planeta, primeiro por uma questão de sobrevivência.

Podemos citar os primeiros degraus da hierarquia de necessidades humanas, pirâmide de Abraham Maslow que invocam os cuidados fisiológicos e de segurança, os empresários já estão conscientes de que é preciso preservar o meio ambiente primeiro por uma questão de sobrevivência da humanidade e depois por uma questão de escassez, pois, extinguindo-se os elementos naturais tornam-se nulas as oportunidades; de acordo com o senso comum “De onde se retira e não se recoloca, acaba faltando”.

CONCLUSÃO

A preservação do meio ambiente é uma necessidade premente haja vista o alto índice de destruição do nosso planeta, e se esse processo não for interrompido poderá se tornar um ato irreversível, por isso mesmo a visão do administrador pró-ativo, deve ser aquela em que se faça algo de imediato no que diz respeito à gestão empresarial vinculada a um desenvolvimento sustentável, uma vez que a organização precisa manter-se competitiva no mercado, e agindo indiscriminadamente torna-se uma das grandes causadoras do caos que se anuncia.

A sustentabilidade inovadora é a tábua-de-salvação visto que permite continuidade do desenvolvimento, contudo de forma responsável ou sustentável. O brasileiro tem fama de ser criativo em vários seguimentos como carnaval e futebol; da mesma forma brasileira a classe empresarial deverá mostrar ao mundo seu “jeitinho” na promoção da sustentabilidade inovadora.

Com o desenvolvimento sustentável, todos só têm a ganhar, beneficiam-se as empresas que aderirem ao sistema novo, pois é notório que os consumidores estão cada vez mais atentos a esse diferencial, reagindo favoravelmente às empresas que assim procedem, e, por conseguinte ganha a sociedade e o Planeta com a preservação do meio ambiente.

Mesmo considerando o princípio de que o objetivo básico da empresa é a geração de lucro, não é necessário agredir o Planeta a fim de auferir maior receita; existem vários exemplos de empresas de sucesso que alcançaram os louros se valendo do desenvolvimento sustentável. É o caso da Bosh, um dos maiores e mais conhecidos fabricantes de autopeças do mundo, que investe anualmente cerca de R$ 10 milhões em gerenciamento de resíduos, além da proteção da água e do solo, redução de ruído, purificação do ar e também em ações de conservação da natureza. Assim como essa empresa atinge o sucesso enquanto preserva o meio ambiente outras devem seguir o mesmo exemplo.

Geralmente as pessoas tendem a demonstrar resistência, preferindo o conforto da comodidade. Protelam-se as decisões de mudanças até o limite extremo, e a inovação sustentável invariavelmente irá mexer com toda a organização, requerendo não só que os envolvidos não apenas aceitem o desafio, mas que vistam a camisa, se unam numa corrente onde todos os elos são imprescindíveis para o bom funcionamento das engrenagens. Uma vez gerada a consciência da necessidade do envolvimento por parte de todos dentro da organização, ainda há que se pensar em parcerias e posicionamento frente ao ambiente externo. Mas, além de todo esse investimento ser reconhecido e apreciado pela sociedade, deve-se ter em mente que essa atitude antes de ser levada como uma boa estratégia faz parte de uma consciência de preservação do meio ambiente; essa deve ser a principal motivação das organizações como um todo.

O administrador, por sua vez, tem um papel importantíssimo nesse contexto, já que detém poder de decisão por força de seu cargo; pode assim ajudar em muito, primeiro na motivação organizacional, pois, como já vimos anteriormente, existe grande resistência na aceitação de mudanças, e pior será se essas mudanças não chegarem nem a ser implementadas.

É necessário um pulso firme na condução dessas transformações que devem convergir na direção da sustentabilidade, e o administrador com a visão sistêmica e ao mesmo tempo do todo, deve estar atento às reais necessidades, para que sejam plenamente satisfeitas. Outrossim, o poder advindo do cargo, junto com o privilégio em gerir a empresa, vem acompanhado de responsabilidade, portanto, o administrado deve apontar o norte, deve agir como um batedor que vai à frente desbravando caminhos, vislumbrando novos horizontes e pavimentando o caminho para outros.

Desenvolvimento com responsabilidade, esse deve ser o papel do administrador contemporâneo, que assim como os empresários, governantes, representantes de entidades não-governamentais, bem como todos os demais seguimentos da sociedade, busca melhor qualidade de vida no presente, garantindo a sobrevivência das gerações futuras.

REFERÊNCIAS

BERG, Ernesto. Julho/2007 Frases de Peter Drucker para o seu dia-a-dia empresarial. Disponível em:<http://www.administradores.com.br/artigos/frases_de_peter_drucker_para_o_seu_diaadia_empresarial/1452/> Acesso em 16 jun. 2008.

BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1997.

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999.

CAPACITAÇÃO Empresarial. IEL/NC/SEBRAE-NA, 2005.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 21.ed. São Paulo: Elsevier, 1999.

KOCHAN, T.; USEEM, M. Transforming organizations. New York: Oxford University Press, 1992.

LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L. Pequena empresa: Cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.

MAÑAS, A. V. Gestão de tecnologia e inovação. 3.ed. São Paulo: Érica, 2001. Disponível em:<http://www.araucaria.pr.gov.br> Acesso em: 11 jul. 2005.

MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. São Paulo: Futura, 2000.

PORTAL DA ADMINISTRAÇÃO. Setembro/2007. Investimento em inovação torna empresas mais competitivas. Disponível em <www.administradores.com.br/noticias/investim

nto_eminovacao_torna_empresas_mais_competitivas/12139> Acesso em 23 jun. 2008.