Três Coisas que Não se Discutem

TRÊS COISAS QUE NÃO SE DISCUTEM:

futebol, cor e religião

É frase corriqueira. Tornou-se máxima nos lábios de muitos, há séculos. Facilmente se encontra quem se lembra dela e a repete em alto e bom som, como se fosse uma ortodoxia irrefutável que se deve ouvir, apreciar e todo mundo se calar, pois, para muitos é positivamente certo que todos aprovarão!

Ora, a maioria das coisas e acontecimentos deste mundo são refutáveis, recorríveis, modificáveis, substituíveis e passíveis de avaliações.

Nenhum sistema de doutrinas, leis, normas ou filosofias é perfeito (há equívocos, tendências, distorções, incompatibilidades internas e até mentiras deslavadas)!

Já dizia o escritor que mais leio: “Toda mentira que não for combatida, torna-se verdade”.

No futebol, nas cores e na religião há equívocos, tendências, distorções, incompatibilidades e mentiras. Portanto, não há base para a frase do título deste artigo.

Sua base seria na Bíblia? (Não!). Seria na Constituição do Brasil? (Não!). Só se constar na Constituição de algum país, pertinente a UMA DAS TRÊS (03) palavras epigrafadas: NA RELIGIÃO, talvez. (A Constituição do México, já foi divulgado, que é a única constituição do mundo que é expressamente contrária à religião! Também pudera, a que predominou lá, abusou em demasia por longos anos! E, os mexicanos, enfastiados, se viram na contingência de dar um basta de uma vez por todas!). Há alguns países em que a religião do outro é suprimida, proibida e não reconhecida em hipótese alguma! Principalmente em público! Mas mesmo assim muitos (clandestinamente) a discutem (e proclamam) em particular e com muita razão, mas é ali, onde proíbem-na, é que tem mais ganhado adeptos e alcançado crescimento! Sempre foi assim: onde há sofrimento e perseguição para a pregação do evangelho, é que, na Estatística, faz subir o gráfico para melhor. Foi assim no Império Romano com os Imperadores arrogantes! Foi assim nos países das “Cortinas de Ferro!”, através das “Igrejas Sofredoras” com os missionários das mais diversas denominações evangélicas. Foi assim com as “Obras Missionárias” principalmente na direção do “Irmão André!”

Resta ainda a palavra cor e o futebol.

Quanto a COR, muitos daltônicos quase não discutem, pois não conseguem enxergar a certa. Mas mesmo entre as pessoas normais (sem a doença de Dalton) costumam discutir as cores modernas, que são resultado das muitas misturas, aparecendo centenas e centenas de cores, com nomes variados. Há cores feias, que muitos tem razão de recriminar, chamando-as de horríveis – “cor de burro quando foge!”. Enquanto que outras não concordam com esta pecha. Ora, que não concorde, mas discuta! Por que não discutir? Então opte para a mais clara ou mais escura, mas tenha sua opinião! Onde a proibição de escolher cores ou de opinar afirmando que ela é incomparável ou que é feiosa? Quando alguém discorda dizendo não gostar das cores já está discutindo, que é um direito seu, mas jamais aceito que não se possa discutir cores. Ora, discutir é trocar idéias, apresentar sua opinião sobre qualquer coisa! É concordar ou discordar de outro ponto de vista! É direito natural inerente aos seres humanos inteligentes e que usam da faculdade de opinar sob seu prisma, conforme o modo de ver as coisas de maneira diferente (ou igual) de seus semelhantes!

E no FUTEBOL? Cada um tem ou não o seu time para o qual “torce”! Ora, elogie os valores do adversário, avalie os do seu time e critique-os também, mas não feche a boca dizendo que não deve haver discussão sobre tal tema!

Sem discussão sobre qualquer assunto é pobreza de idéias, de argumentos e raríssimo conhecimento de causa.

Apresente as suas razões favoráveis ou contrárias sobre o futebol ou qualquer assunto, mas apresente! Discorde ou concorde que seu adversário jogou melhor que o seu próprio time, na última “partida”! Reconheça que, no início da temporada do campeonato, quem esteve fisicamente melhor foi o time adversário e não o seu preferido! Diga que vê valores nos dribles, nos chutes certeiros e facilidade para marcar gols neste ou naquele atleta de seu próprio clube ou no clube adversário! Mas diga com convicção, discorde ou concorde, discuta, mas discuta mesmo, sem briguinhas ou provocações que ofendam tanto a integridade física quanto a moral de alguém, mas discuta. Onde está o erro discutir? Você tem e deve ter suas próprias opiniões, consoante a visão que possui a respeito de futebol, quer alguém concorde ou não! Onde a proibição de discutir?

Cuidado com as “teias de aranhas” na mente só por causa de uma frase pequeníssima dos acomodados e mentalmente preguiçosos! Discuta, disserte, fale, escreva sobre tudo, direcionando suas opiniões a quem quer que seja seu antagonista, mas discuta sem cerimônias! Só os fracos e incapacitados não sabem discutir.

Discuta sem brigar, mas discuta! E daí – repito – onde a proibição? Vale lembrar: “A controvérsia é mãe da ciência, da filosofia ...”

Muniz Freire, 26 de outubro de 2010.

Fernandinho do forum