A vitória da derrota

A vitória da derrota

O mérito, a medalha, a vitória não conquista só aquele que está no mais alto do pódio. É preciso ter um olhar subjetivo sobre todos os que estão na disputa.

A medalha têm significados diferentes para cada um. Ela sempre é buscada e encontrada, seja em forma de ouro ou de superação, de prata ou de novidade, de bronze ou de aprendizado.

Ninguém gosta de perder. A derrota dói, principalmente àqueles que colocam uma expectativa grande na vitória, ou melhor, àqueles que enxergam a vitória somente de uma forma.

É preciso saber perder mesmo em meio às lágrimas que desabafam frustração e decepção. É preciso saber que as lágrimas e a derrota não são definitivas, fazem parte da vida, são páginas que devemos aprender a virar, haurindo delas a lição que deixaram para não voltarmos a errar.

A pior derrota? Aquela que acontece mediante a fuga da própria identidade. Perder não sendo, não estando, ou seja, querer conquistar de uma forma que não seja a própria. Agindo assim, ainda que aconteça a vitória, ela não será convincente.

É preciso convencer? Sem dúvida. Embora a multidão privilegie o resultado, preferindo muitas vezes o divórcio para com os meios utilizados, há ainda alguns que preferem os meios. São aqueles que acreditam na força qualitativa do semear, perseveram nas intenções e nos valores característicos e assumem com afinco a identidade; fatores determinantes à quem acredita mais no vencer com (convencer) do que simplesmente no vencer.

Nesse tempo de Copa do Mundo, é bonito ver equipes que perdem e/ou ganham assim. Vão até o fim acreditando no que têm de melhor e, ainda que o melhor não seja suficiente para superar o adversário, a vitória não deixa de ser conquistada perante uma aparente derrota.

Não quero ser mais um a criticar a Seleção Brasileira. Mas constato que o grande erro foi realmente esse: a fuga da própria identidade.

Houve garra, comprometimento, esforço, patriotismo, qualidade e tudo mais, mas faltou uma coisa imprescindível: a totalidade, principalmente no que diz respeito à marca do futebol brasileiro que é o futebol arte.

Mas a derrota já aconteceu, não adianta lamentar, ficar querendo achar um culpado como uma válvula de escape para amenizar nossa incapacidade de sofrer conjuntamente. Perdemos e pronto! Sim, as justificativas, as argumentações são válidas na medida em que são utilizadas como aprendizado.

É preciso recomeçar. É preciso se renovar, se preparar para entrar de novo na batalha da medalha. Essa batalha não para, ela é a própria vida na sua dinamicidade. Não só quem perde precisa se renovar, algo mudar, corrigir, aprimorar, permanecer, perseverar, mas quem ganha também.

Óbvio, a vitória deve ser celebrada, deve ser comemorada (não posso contradizer o blog anterior). A medalha e o troféu devem receber o ósculo de quem justificou sua conquista, pois afinal: Honra ao mérito!

Mas o primeiro e o último lugar podem ser relativos. Muitos perdem e saem vitoriosos, expressam nas lágrimas, metáfora de suor e de luta, o amor e o máximo ofertado a uma causa. Outros podem ganhar e saírem perdedores, quando se sentem soberanos ancorando-se no orgulho e na superioridade alcançada, ao invés de vibrarem com a vitória.

Enfim, as medalhas são continuamente distribuídas e perenemente buscadas. O ponto em que se chega já é um ponto de partida, ou seja, uma nova batalha. E isso tudo, caríssimos leitores, é a vida.

blogado em http://hudsonroza.zip.net em 08-07-2010

Hudson Roza
Enviado por Hudson Roza em 15/07/2010
Código do texto: T2379353
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