O VIGOR DA PALAVRA POÉTICA

A palavra poética, já a partir do intuitivo, no momento da inspiração, vem naturalmente emprenhada de boa dose de veracidade: aquelas nuas verdades que povoam a cabeça do criador literário. Quando do nascimento do poema, contendo a usual e costumeira linguagem dos sonhos, permeada de farsas e fantasias, poderá ser, apenas, a singela e utópica verdade assentada no altruísmo e solidariedade do poeta-autor. Assim como ele concebe as coisas e fatos no seu mundo de criação. Geralmente, a vericidade ganha corpo no poeta-leitor, que a toma possessivamente como sua e a avaliza. Para que ocorra o convencimento e o afiançamento desta, o seu arauto terá de transfundir e apresentar o todo com fortes assertivas, caso contrário não haverá como fazer com que estas ocupem a cuca do leitor com uma carga tão veraz que se torne passível de conter irrefutáveis verdades. Pode ocorrer, também, que o leitor tome o escrito como verdade tão fortalecida que a imagine capaz de transitar piamente veraz no mundo dos fatos. Filosoficamente, é a veracidade que o leitor imprime ao texto proposto (com o vício de origem do mundo da criação), aquela farsa bastarda criada para superar o hostil cotidiano da realidade fática que o poeta enfrenta e supera pelo vigor da palavra. É dessa fortaleza verbal que o mundo se recria para o minuto seguinte, graças à voz poética. Porque a Poesia é a fala lúcida e incisiva do Mistério... E a farsa passa a frutificar, irretorquível.

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/16.

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