A LUCIDEZ ORGÂNICA

O poema é um conjunto verbal que pretende materializar o Belo, um organismo vivo que contém, emite, inspira e/ou suscita Poesia. Ele, como tudo que é criado, nasce, amadurece, vive e se finitiza.

Todavia, mesmo que vivendo em processo de esquecimento pela ação do tempo sobre o idioma em que foi escrito, ele continua emitindo o condão mágico da singela musa Ternura, e, por sensibilidade aflorada, convivem a todo o tempo nos territórios da Saudade, que é o amor que fica. A solitude sempre a faz chorar copiosamente.

Alguém diz ao poeta que a Poesia é atemporal. A Lucidez ri muito por entender que contraria a vontade do Absoluto.

Também, de há muito, em seu casulo de dormir, a diva Lucidez vive morrendo de rir quando escuta alguém assegurar que a Palavra é eterna, desde que esteja envolta pelo encantamento da Beleza.

E o signo sutilmente se escafede, ainda que morto de fome e frio, frente aos altos degraus de saberes do bicho-homem.

MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2024.

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