Metallica, A Cara Madura do Eterno Jovem Gosto Musical

Luciana Carrero*

A Banda Norte-Americana "Metallica" - surgida em Los Ângeles, Califórnia, há 32 anos (1981) - se apresentou sábado em São Paulo e renovou seu sempre garantido sucesso, na pauta "mainstream" ("corrente principal", que adotou desde 1991). Sob intensa chuva, ao ar livre, (ou à chuva livre), envolvendo 65.000 pessoas no show. Interativa e com fãs no palco, emocionou seu público, que me parece meio cativo de uma época que ainda se estende, em shows pelo mundo. Na realidade do dia a dia, mais universal, agradando a uma faixa bastante elástica de público no sentido de admiradores mais discretos, de todas as faixas (etárias).

O estilo "Corrente Principal" quer dizer algo mais ou menos assim como "Modernismo", aqui significando "atualização" que, desde 1991 resiste sem mais reatualizar, talvez e até por ser desnecessário, num período que é considerado curto para uma corrente de boa música, em seu aspecto temporal e na geração que chega, e até mais na futura, naquilo que lhe supera, bem entenda-se! Quem trabalha neste contexto: ante o domínio da qualidade sofrível de grande parcela da música brasileira, e de alguma parcela da música internacional, não precisa renovar-se muito para permanecer na vanguarda, uma vez que a tendência da música (não falo aqui de bandas), no geral, é regredir. Se a música parasse e ficasse com a Metallica por mais uns 10 anos, estaria de bom tom.

Para mim é o máximo! Consegue contemplar todas as idades! Pelo menos ao meu ver. Este estilo me agradou a vida inteira. Música viril e com forte apelo instrumental, máxima valorização do som e uma espécie de rebeldia comportada. Mesmo na minha "década de 65 (idade)", quando curto muito mais músicas simples e primitivas, de serena melodia bucólica, este estilo me agrada, e muito! Ouvindo o estilo, na lembrança e na saudade, sou jovem e rebelde musical (considerando meus 31, que já dobraram). Notem bem: (Eu) Rebelde musical, e estética, sem engajamento, porém. Agora, atualizada com o sempre presente, que a cada dia faz-se futuro e corrobora meu gosto melódico-existencial. Na qualidade da vida centrada, a cara madura do jovem é a Metallica, e sou eu. Zona de conforto na continuidade da vida, sem mais surpresas. Felizmente.

* Escritora, compositora e produtora cultural, reg. 3523 - LIC/SEDAC/RS

Ouça uma das músicas especialmente selecionada para este show no Brasil:

https://www.youtube.com/watch?v=A8MO7fkZc5o