Guerra civil no Brasil: será possível?

Acabo de sair de meu e-mail. Uma das mensagens me deixa perplexo. Encaminharam-me uma carta que "denuncia" uma reunião de Fernando Henrique Cardoso com um alto general da reserva. O conteúdo é de uma conspiração militar que prenuncia o risco de uma guerra civil.

O texto desenvolve a possibilidade de militares tomarem o poder e de o povo brasileiro não aceitar e então... guerra civil. Os argumentos do autor são de que a nação está cansada de tudo que a nação já sabe. Sinceramente, tive medo. Não saberia de que lado ficar! Afinal, guerra é guerra! É um evento em que você precisa se posicionar e, consequentemente, pôr em risco a própria vida e de seus familiares. Ou devo dizer, de nossos familiares?

Que situação!? A direita não quer um governo social. A sociedade não quer um governo social corrupto. A dita esquerda não quer ser honesta. E desconfio que ninguém quer uma guerra. Nesse panorama, o que é ser patriota? É abrir mão da democracia, em troca de um governo que se dirá honesto e do qual não se poderá dizer o contrário? É ir à luta até morrer em favor de uma democracia corrupta? E afinal, aonde vamos chegar se tudo continuar como está? Os defensores de uma conspiração comunista – pretexto de direita para tomar o poder na marra – são melhores ou piores que o PT?

Enfim, quanta verdade há em nossa democracia? A pilastra social em que se sustenta este governo, inegavelmente agrada muito mais ao povo do que os governos anteriores. Mas também é muito ponderável o argumento de críticos do PT – como o pastor Silas Malafaia – de que nem por isso eles têm direito de saquear os cofres públicos.

E esta distância de doze anos que tem a chamada direita, do poder? É paranoico afirmar que ela faria qualquer coisa para retomá-lo? Lembre-se: estamos falando de um poder, que “se estabelece pela força”, num “Estado que é sempre o Estado da classe dominante”, como disseram teóricos cujos nomes me importam menos que a autenticidade de suas palavras.

Não sei. Talvez seja bem mais confortável me apegar ao que se pode dizer sobre a paranoia: é um estado mental instável que encontra nos fatos reais a sutil irrealidade de seus delírios.