SÓ DEUS FAZ A ALMA FELIZ

“Se alguém não for feliz no casamento, no lar, não será feliz em lugar nenhum !” - (Palestrante, no mês de maio, versando sobre os filhos. Dia 25-05-2002, no “Salão de Reuniões” da PIB de MUNIZ FREIRE-ES).

Preliminarmente, a palestrante citou frase de outra origem, cuja responsabilidade não lhe pode ser atribuída, mas a quem construiu e, diga-se de passagem, a meu ver, não é correta!

Vejamos:

1º - Só Deus é que faz a alma feliz. A semente da paz e da felicidade é a Palavra de Deus que germina no coração! (Lc 8.11 e Tg 1.18)

2º - a felicidade não depende do lugar (lar é lugar), nem do estado civil das pessoas, mas do estado da alma, estado de espírito, da paz (Rm 5.1) ou do relacionamento e comunhão com Deus.

3º - Jesus, nas “Bem-Aventuranças” (que trata da felicidade de seus discípulos), e em outros textos não menciona tal assertiva (“Se alguém não for feliz no casamento, no lar, ...) ou seja, não vincula a felicidade das pessoas como dependente do lar ou do casamento. Nas Epístolas neo-testamentárias, não se vislumbra esta idéia, nem de longe, de que a felicidade só se encontra no lar ou somente entre os casados!

Como ficam os eternamente solteiros? E os viúvos que optam por não contraírem novas núpcias? Não podem eles ser felizes independentemente da convivência em um novo lar? Afinal, a felicidade completa só se realiza no lar? No casamento?

É possível que uma parte (e até a maioria dela) da felicidade esteja no lar, ou seja, que a convivência familiar contribua percentualmente para a felicidade de alguém: quem é o seu cônjuge? ou quem é o seu pai? quem é o seu companheiro? Tudo são fatores que pesam na felicidade. Mas, dizer que ninguém será feliz fora do lar, é sumamente um disparate. Para mim é dizer asneira ou dizer por dizer somente!

Muitos são os que vivem só e são felizes, porque Deus os faz felizes! (Em qualquer estado ou lugar ninguém é completamente feliz, neste mundo! O ser feliz é uma coisa, mas o ser completa e cabalmente feliz (sem tirar nem por) é outra história) !

A única forma de se aceitar a afirmação inicial, ou seja, não ser feliz em outro lugar senão no lar, é se a palestrante ou o autor da frase estejam se referindo à felicidade grupal. (Aí a coisa começa a mudar de sentido!)

Há pessoas que não conseguem se entrosar em algum grupo. A família é o primeiro grupo no qual a pessoa passa a viver.

Não conseguindo se entrosar na família, então com mais dificuldade conseguirá ser feliz em outros grupos: trabalho, assoaciações etc. Afinal, a família é o começo de tudo em nossas vidas, mas não o único lugar!

O que deve ficar claro é que, a minha felicidade pessoal independe de minha felicidade familiar.

É necessário, finalmente, que se diga que “esse alguém” pode não conseguir ter felicidade grupal, mas pode muito bem ter a felicidade pessoal, que se origina em Deus, no coração!

Alguém já disse: “Nenhum sucesso compensa o fracasso no lar!”

Pois eu entendo que nenhum sucesso grupal compensa o fracasso no lar. (Repita-se o lar é, de certa forma um grupo, pois é uma sociedade), porque o sucesso pessoal pode vir mesmo sem sucesso grupal, o sucesso familiar, o sucesso associacional etc)

Já li sobre a vida de DOIS SERVOS DE DEUS (deve haver outros), que não foram lá mui felizes no lar, mas alcançaram sucesso pessoal.

Um foi Guilherme Carey, cuja esposa e cunhada viviam resmungando - antes e durante a viagem para os campos de missões ao lado do famoso missionário – que o atrapalharam bastante, na viagem e durante o convívio no campo onde militou - no entanto, Guilherme Carey se tornou um paladino da obra missionária em favor do Reino de Deus.

O outro, John Wesley, não tinha uma esposa que o compreendesse ou que o amasse à altura, mas foi um sucesso em muitas áreas de sua vida: como pregador, homem de oração, escritor, organizador de Igrejas e influente nas idéias entre os seus contemporâneos na Inglaterra e no mundo. Aliás, diga-se de passagem, foi um dos homens mais desprendidos de dinheiro de que já se ouviu falar, dando-nos a entender que foi feliz também em termos de gratidão para com Deus, contentando-se com o pouco que possuía, desfrutando, portanto, de uma felicidade financeira – ainda que escassa!

Enfim, esses homens felizes, mesmo não sendo felizes no lar onde viveram. Pois eles foram exemplos de sucesso pessoal.

Muniz Freire, 25 de maio de 2.002

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