AS DUAS CARIDADES

AS DUAS CARIDADES

Há caridade e caridade. Uma é carnal; a outra, espiritual. Uma é humana; a outra, divina. Uma dá por interesse; a outra por amor incondicional, sem esperar obter nada em troca, a não ser o amor, pois este tanto é obrigação de quem ama, quanto de quem é amado. Amar é dever de todos. Pois antes de amarmos já fomos amados por Deus. (1 Jo 4.19).

Uma caridade é comercial – “toma lá, dá cá!”; a outra é solidária.

Uma dá do que lhe sobeja; a outra, sacrifica-se para dar, mesmo tendo parcos recursos consigo, como foi o caso da viúva pobre, no templo, enxergada por Jesus, em meio a intensa fila dos que deitavam suas ofertas, entregando ela o seu “tudo”.

Uma faz “cortesia com o chapéu alheio” ou com as finanças do poder público, mesmo sendo proibido por lei; a outra, esmera-se em trabalhar para ser sempre solidária e cumpridora da lei de Cristo, fazendo tudo com amor sincero no coração, com o maior esforço possível de sua parte, sem mendigar apoio externo. (Se vier apoio externo, voluntário, sem coação, será bem-vindo, mas sem que haja solicitações de quem o recebe!)

Uma demora, pensa e hesita em dar; a outra, não pensa duas vezes para se desfazer do que tem, pois sabe que tudo que é seu, pode ser do outro também ou, pelo menos em parte o outro pode possuir.

Uma exibe-se em público, a fim de ser vista pelos homens; a outra não alardeia suas intenções.

Uma é baseada na filosofia dos homens, no secularismo e no materialismo; a outra, provém do coração de Deus e pode ser vista nos gestos das pessoas simples, que amam e se prontificam sempre em solidariedade em favor dos outros.

Muniz Freire, 29 de abril de 1.996

Fernandinho do forum