ONDE ESTÁ O ERRO DE FICAR 20 ANOS NA LIDERENÇA

ONDE ESTÁ O ERRO DE FICAR 20 ANOS NA LIDERANÇA DE IGREJA?

Certo amigo e irmão em Cristo que hoje está bem longe da gente, tencionando defender sua posição ideológica, interpelou-me a respeito do tema epigrafado.

Respondi-lhe dando minhas razões contrárias no mesmo instante, demonstrando que há erro em se deixar manter alguém na liderança por 20 anos ou mais, cujas respostas torno-a mais ampla neste artigo com os seguintes motivos.

Primeiro, porque vejo que, nesta ação de longa data em liderança de Igreja, de forma pouco ou quase nada alternativa, é que os liderados ficam sem treinamento teórico e prático, devido à falta de revezamento entre eles.

Entra ano e sai ano, ali está a mesma liderança, à vezes sem novidades em nada.

Depois, vem ao caso a falta de isonomia, principalmente em se tratando de governo eclesiástico congregacional ou democrático: quem vota tem direito de ser votado, quem elege, tem direito de ser eleito. É a igualdade de direitos que deve imperar no regime mais coerente, mais humano e mais justo do mundo.

Quem fica por longas datas na liderança de uma grei, transmite a idéia de que é dono do cargo. Ou que as coisas só funcionam com ele (s) na liderança. Deixa claro que está havendo o predomínio do excesso!

Há também o caso de que os liderados podem atrofiar em muito, os talentos e dons dos demais, quais sejam: o dom da competência de administrar é um deles. O dom de ouvir as opiniões e idéias alheias também vem a calhar, pois a participação coletiva é, não só moderna, mas também de bom senso e criativo. Acrescente-se ainda que o gesto de dar oportunidade de crescimento aos outros, é também, no mínimo, um dever necessário a qualquer empreendimento, seja ele secular ou espiritual.

Fica parecendo cartel político e não Igreja. O grupo que apóia isso está sempre “de acordo” com tudo, sem questionar, como se o líder ou os líderes fossem inerrantes ou tudo fosse “vontade de Deus”, mas na verdade não passa de ditadura sobre os liderados que não enxergam mais que um palmo à frente de seus olhos. Nem tudo merece o “amém” de nossa parte. (Bem, é sabido que as ovelhas são, dentre os animais, os mais “tontos” e “cegos” do universo. Elas têm uma boa porcentagem de miopia. E a gente percebe isso em termos de administração eclesiástica.

Há ainda um probleminha que se cria ao longo dos anos: o relaxamento em muitas áreas, principalmente no momento de disciplina dos parentes, amigos achegados, como se na Igreja tudo deve acontecer como nos meios seculares, onde muitos possuindo “apadroados”, ficam isentos de certas obrigações que compete a todos cumprir – as cobranças geralmente só recaem sobre os “não-peixinhos” dos mandões.

A imparcialidade nesta hora é que deveria prevalecer!

O pior de tudo, é que surgem, em alguns casos, as injustiças: se alguém não tem “pistolão” ou discorda de algo (mesmo com base bíblica ou legal) logo é disciplinado e relegado para “escanteio” ou leva a pecha de estar “navegando contra a maré” e se direcionando na “contramão da história”.

Muniz Freire, 25 de novembro de 2002.

Fernandinho do forum