JESUS REJEITOU NICODEMOS? - (João 3.1-21; 7.50, 51; 12.42; 19.39)

Dos diversos diálogos que Jesus teve com personagens de seu tempo, Nicodemos foi um deles, no capítulo 3 de do Evangelho de João, que é considerado também como o Evangelho do Indivíduo (Jesus tratava muito com o indivíduo, usando o método pessoal, como o fez no capítulo 1 evangelizando pessoalmente a Filipe (João 1.43,44), mantendo contato também, no capítulo 4 com a mulher Samaritana, enxergando o paralítico de Betesda no capítulo 5 e assim por diante!).

Nicodemos era líder em Israel, da seita dos fariseus, conhecedor profundo das leis civis e religiosas do povo judeu, mas tinhas lá suas dúvidas e desconhecimentos.

Certa feita foi se encontrar, às ocultas com Jesus, à noite, pois temia os seus pares que certamente dariam cabo tanto de seu mandato no sinédrio, quanto de sua própria vida.

José de Arimatéia, também era de seu fã clube – ou seja, daqueles que, realizava algumas ações escondido dos colegas, para não incorrer em alguma condenação expressa nas tradições farisaicas.

Nesse encontro, Jesus expôs- lhe pessoal e individualmente o plano de salvação, cujo tema versava sobre o Novo Nascimento, algo por completo desconhecido de Nicodemos e sua escola farisaica, contendo apenas uma idéia embrionária em Ezequiel 11.19; mas pouco desenvolvida no restante do VT (Velho Testamento). Talvez até fosse bastante desenvolvida por algum rabino ou profeta, mas, certo é que Nicodemos encarou tal tema, como se tudo lhe fosse desconhecido. (Ninguém lembra de tudo!). Cogitou Nicodemos que Jesus lhe estivesse falando de uma nova encarnação, ou seja, como se tivesse de voltar ao ventre materno, para ter um novo recomeço de vida. Nada disso. Jesus simplesmente estava expondo uma doutrina que é cerne do evangelho para a admissão do pecador no reino de Deus – um nascimento espiritual – o segundo, pois o primeiro é que se origina no ventre materno. Um nascimento radical que depende da escolha do indivíduo e passa pelas seguintes fases, conforme textos bíblicos: ouvir a palavra, crer nela, aceitando-a de bom grado, pois ela sendo uma semente transcendental, penetra o coração humano pela fé depositada pelo pecador, fazendo a implantação ou enxerto espiritual, trazendo salvação a este mesmo pecador, que, ao final, venceu luta interior, sufocando o pecado ou as concupiscências da carne que tentavam e ainda tentam afastar esse pecador de Cristo e, então, tal semente germina e faz nascer uma nova criação em seu interior para um novo relacionamento com o Salvador Jesus. (Textos: Lucas 8.11; João 5.24, 25; Atos 3.19; Gálatas 5.16, 17; Efésios 1.13; Tiago 1. 18, 21; 1 Pedro 1.23).

Ouvi certo teólogo debatendo no canal RIT, dizendo, entre outras ponderações que: Jesus estava rejeitando a Nicodemos; que pregamos sempre que Deus amou o mundo (João 3.16), mas neste mesmo texto joanino Jesus estava lhe dando uma condenação.

Ora, ora, isso é inaceitável! Conforme já disse anteriormente Jesus estava expondo- lhe a condição “sine qua non” para ser participante do reino de Deus, o que é norma para todo pecador – o nascer de novo, que é diferente de conhecer as leis civis ou religiosas, mas ainda não postas em prática, mas isto não exclui e nem excluiu a possibilidade daquele líder religioso de optar por praticar essa nova ordem de coisas em sua vida, ou seja, com esse novo padrão de Jesus. E foi o que Nicodemos fez. (Nicodemos pôs em prática, ainda que em pequenas proporções, mas o fez). É só conferir os demais textos: João 7.50, 51; 12.42; 19.39. Aqui vemos Nicodemos, ainda que de forma disfarçada para não ser apenado por seus companheiros de Sinédrio, defendendo a Jesus perante as acusações infundadas das autoridades, sem antes interrogá-lo de seus atos, conforme já prescrevia as leis romanas (João 7.50, 51). Vemo-lo também ser arrolado no grupo dos que criam em Jesus (João 12.42). E ainda desprendendo bens e valores altíssimos para que Jesus tivesse um sepultamento decente (João 19.39).

É preciso lembrar que o que foi dito em João 3.16 está também enfatizado em João 3.17 e 18.

É difícil não crer na conversão de um homem que tenha acompanhado a Jesus e ainda conseguiu praticar alguns atos de prova de conversão!

Será que Nicodemos pode ser considerado uma semente que caiu “entre espinhos”? Prefiro considerá-lo como uma semente que caiu na “boa terra”, ainda que com poucos frutos produzidos em toda a sua vida. Ou com muitos frutos, mas não manifestos publicamente, devido ao contexto de hostilidade no qual ele vivenciou sua fé.

Enfim, lemos em João 6.37 que Jesus deixou bem claro que não rejeita ninguém, pois agora é nosso Advogado, Mediador e Intercessor; mas sua condição de juiz só ocorrerá após o arrebatamento. Diz este último texto joanino: "Todo o que o Pai me dá, virá a mim e o que vem a mim, de maneira nenhuma lançarei fora".

Muniz Freire, 02 de agosto de 2014 - Fernandinho do forum