CASAMENTO SÓ NO RELIGIOSO

Esta idéia é romanista. Inúmeros amigos religiosos já nos disseram que o “verdadeiro casamento” é o que é feito no religioso, na presença de líder espiritual.

Chegam alguns afirmar que “tudo que não é feito na presença do “sacerdote” não é válido e nem aceito por Deus!”

Pergunta-se: e a Lei do país, não vale nada? (É preciso lembrar que a lei civil que trata de registros públicos, dentre eles, o casamento, família, herança etc fazem coro com os demais países deste mundo, ou seja, o sentido comum de proteção e de direitos familiares estão no mesmo diapasão, correm no mesmo sentido!) Todos os que casaram na presença de líderes religiosos permanecem casados até hoje?

Onde se encontra base bíblica para uma tal afirmação? Onde se vê isso na lei do país? Qual país? Onde na lógica, na razão pura, se pode chegar a uma tal conclusão? Onde no texto bíblico tal ensino? Qual igreja neotestamentária realizava a cerimônia de casamento? Qual texto? Pelo meu curto conhecimento, só vislumbro uma festa de casamento no NT, a que está contido nos relatos joaninos (Evangelho de João 2.1-11), onde foi convidado Jesus para aquelas “bodas”, em Caná da Galiléia, mas não consta nenhum líder religioso efetivando nenhuma cerimônia, por mais simples que fosse, muito menos paramentada sequer!

A finalidade da religião não é fazer casamento, mas tentar levar o homem a Deus (uns de forma correta, com a competência exclusiva da presença de Jesus) e outros por vias erradas, (por deixarem Jesus excluído, sem que possa dar um palpite sequer), mas nunca a finalidade primacial da religião é realizar casamentos. O máximo que a religião pode fazer é dar bons, completos e prolongados conselhos, orar, pedindo a bênção de Deus (não a de homem algum!), para aqueles que pretendem se unir pelos laços do matrimônio. Quem vai viver o casamento são os nubentes ao longo de suas vidas, os atos praticados serão de cada um, não é nenhuma invocação de terceiros que trará a felicidade de quem quer que seja! Aliás, a bênção de cada dia, o pão nosso de cada dia, cada um deve pedir e buscar, tal como o percurso da busca da felicidade!

Querer rebaixar o casamento civil a ponto de por nas nuvens a cerimônia religiosa, é, no mínimo, arrogância. Uma arrogância que nem todos os casais que realizam cerimônias na Igreja, podem levar até o fim os votos que fizeram! (Infelizmente!) Casamento com cerimônia religiosa é gasto inútil. Alguém (ou alguns) se beneficiam disto, com arrecadações ocasionais. Bastaria alguém orar a Deus, pedindo sua bênção!

O que pesa na sinceridade e na ação dos pares que contraem casamento não é e nunca foi o fato de realizarem cerimônias no religioso (com pompa ou sem ela, com pouco ou com muitos gastos – isto é apenas tradição e meio de vida de muitos), mas a entrega total de cada par – homem e mulher, a Deus e a renúncia de seus “egos” e o afloramento constante e diário do amor que devem, cada um, dedicar ao outro. O amor que precisa ser regado sempre, o que não é novidade para ninguém, MAS JAMAIS UMA MERA CERIMÔNIA PODERÁ FAZER UM CASAMENTO ACEITÁVEL A DEUS! Prova disso vemos nas Escrituras Sagradas que o único casamento que Deus fez, foi o de Adão e Eva.

Quanto aos demais que foram feitos no decorrer dos milênios e séculos porvindouros até os nossos dias, temos que reconhecer que Ele abençoou a uns e a outros, nem tomou conhecimento, porquanto foram feitos fora de Sua Soberana Vontade. QUANTOS CASAMENTOS FORAM REALIZADOS, mas que foram meramente com objetivos comerciais! Tais foram os de Salomão com suas 700 mulheres e 300 concubinas! Queria ele apenas acesso ou “salvo conduto” para manter relações comerciais com os países de origem de tantas mulheres – o famoso harém do mundo antigo! Assim eram tratados e feitos os demais casamentos antes e na contemporaneidade de Salomão, concretizados com as jovens filhas de todas as magestades de vários países do mundo! (1 Reis 11.1-9). QUANTOS CASAMENTOS FORAM REALIZADOS por pessoas ímpias, incrédulas, idólatras, feiticeiras, assassinas, os casamentos forçados, os casamentos em que os cônjuges fogem da autoridade dos pais (antigamente havia muitos desse tipo, com um dos pares sem ter alcançado a maioridade) e por outros “foras da lei”, mas que não tiveram a bênção de Deus! (Alguém questiona: É, mesmo em circunstâncias erradas se casaram e viveram bem até o final de suas vidas conjugais! É possível em sua minoria, reconheço), mas mesmo tendo vivido bem até a morte de cada um dos cônjuges, por motivos vários, não podemos considerar jamais que tiveram a bênção de Deus ou a sua aprovação, só porque tiveram cerimônias religiosas! Desde quando a cerimônia é que faz a diferença?

Não é, portanto, o exteriorismo de uma cerimônia nupcial que vai contar ou que vai pesar, para a sinceridade dos cônjuges ou o prolongamento de seus votos de entrelaçamento mútuo, para a formação de uma bendita e salutar família.

Que fique bem claro: a instituição casamento foi idéia de Deus, Ele idealizou e realizou-o primeiro no Éden, mas nem todos Ele abençoa ou se faz presente!

Mais que cerimônias, portanto, é Deus no coração de cada um dos cônjuges. Mesmo assim a “barra está cada vez mais pesada!”

Muniz Freire, 18 de fevereiro de 2004

Fernando Lúcio Júnior