BENEDITA E A CARRUAGEM
Acho lamentável que uma entidade literária, na qual a única praxe deveria ser o cultivo da boa prosa, do bom verso e da sensibilidade se transforme a tal ponto: Passe a ser, gradativamente, uma casa de agressões verbais, bate-bocas entre pessoas que se destacam pela "brabeza" (não se confunda com bravura) e pelas conspirações covardes contra os talentos que se destacam naturalmente. Talentos que assustam, não porque articulam para isso, nem o desejem, mas porque a luz dos mesmos dissipa o breu e flagra toda a nudez dos desprovidos não só de talento, como também de caráter; equilíbrio; senso de ética.
Uma vez flagrados, os desprovidos recorrem à sordidez das tramas, dos planos rasteiros e ocultos, longe da luz dos iluminados. Seus planos, além de rasteiros e favorecidos pela ausência dos alvos, têm a indecência do prestígio social distorcido e das manobras políticas escusas. Da podridão do poder constituído, que deve muitos favores de campanhas eleitorais, cobrados nessas horas. Essa é a provisão externa dos desprovidos internamente. Com isto, eles não ganham questões: Raptam. Não conquistam espaços e oportunidades: Assaltam. São ladrões ideológicos, tão temidos quanto criminosos comuns que abordam de armas em punho cidadãos de bem, com o fim de lhes despojar.
À educadora e escritora Benedita Azevedo, radicada em Magé, meus parabéns por ser perseguida implacavelmente, na sua cidade, a cada nova conquista nos campos da educação e da literatura. Se a parabenizo, é porque sei que a perseguição, a conspiração sistemática e o boicote que a vitimam são atestados inquestionáveis de sua grandeza. Quem alcança o seu grau de excelência no que faz e consegue se manter como pessoa equilibrada, sem afetações e perfeitamente segura, realmente angaria desafetos: Indivíduos pobres de alma, falhos de cérebro e pequenos de caráter não perdoam quem cresce. Maldizem quem os supera em tão larga escala e fazem tudo o que podem para desqualificar o talento; a capacidade; a realização bem sucedida e notória de quem deu a face aos tapas... correu seus riscos de apedrejamento e não se deteve. Não teve preguiça nem temor de se atirar ao desconhecido em razão de um sonho, ainda que simples.
Sei que o desespero dos frustrados propõe um jogo sujo. Uma briga de expedientes nos quais pessoas inescrupulosas ganharão sempre, superficialmente, porque para elas vale tudo. Uma grande alma como a Benedita não topará essa briga. Seguirá em sua carruagem, deixando os cães ladrarem. Alguns deles, mais ladinos e ferozes, darão duas ou três mordidas, mas isso passa, como a carruagem. O tempo é vacina, e tais cães amargarão entre os dentes, talvez para sempre, o sabor do seu sucesso... A dimensão do seu talento... O gelo de sua indiferença perante a pequenês das baratas tontas que, no fundo, apenas tentam sobreviver à consciência de seus estados.