EM DEFESA DAS COBRAS

Ainda não entendo essa perseguição às cobras, pelo ser humano, com exceção dos ecologistas. Em grande parte as religiões são culpadas, por pregarem ao pé-da-letra que a cobra tentou Eva, Eva tentou Adão e o mundo acabou no que deu... No que vemos com pesar.

Moro no meio do mato e aprendi, com a convivência, que muitos animais considerados perigosos são bem mais dóceis ou menos agressivos do que se pensa. Ao mesmo tempo, constato mais e mais que o ser humano sim, esse é perigoso e reúne o que há de pior em todos os outros animais, de forma bem acentuada. É traiçoeiro, vingativo, invejoso, peçonhento e tudo o mais, e todas essas características se agravam com o fato de não poupar o próximo; seu semelhante; a própria espécie.

Neste parágrafo, vamos nos ater somente às cobras. Elas são, de fato, peçonhentas, mas usam seu veneno para sobreviver: Caçam bichos que fazem parte de sua cadeia alimentar e se defendem daqueles que as ameaçam. Tão apenas daqueles que as ameaçam. Especialmente o ser humano.

Cheguei à conclusão de que o bicho sobressalente no ser humano é o rato. Justamente o rato, que geralmente não traz qualquer benefício ao homem. Pelo contrário, traz doenças e outros danos. Faz parte dos cenários mais caóticos e poluídos da sociedade... Aliás, me parece que os ratos nascem desses cenários. Lixo, esgoto a céu aberto, emaranhados e labirintos. Daí eles vêm e voltam , causam danos e proliferam... Como proliferam!

Mesmo com o rato que mora em nós de forma tão acentuada, o pior da cobra (acuada) está lá, bem no fundo, em conflito com o outro lado. É por isso que brigamos tanto conosco mesmos e com os que vivem ao nosso entorno. Transformamos os ambientes familiares, de trabalho e tantos outros em campos de batalha declarada ou fria. Ambientes de inveja, traição, fofocas e perseguições que visam, entre outras coisas, a usurpação de cargos, prestígios, prioridades e bem-aventuranças do outro.

As câmaras de parlamentares e os palácios de governos ilustram mais do que tudo essa realidade. Nesses ambientes existe uma hierarquia na qual os chefes são as cobras, e os subalternos, de luxo ou não, são essencialmente ratos.

Quando as cobras saem para seja lá o que for, os ratos de câmaras e palácios fazem festa com o que não lhes pertence, com o que não lhes diz respeito e com o que não é de suas alçadas e responsabilidades. Com isso, eles poluem e danificam o que já não é tão ileso assim, tornando ainda pior o trabalho quase sempre deficitário das cobras humanas. São eles que atravancam o bom andamento dos projetos, criam burocracias e impedem que as pessoas certas se aproximem de seus chefes.

Pobres das cobras... Sendo comparadas, nesta pobre analogia, com o ser humano. Só não tenho pena dos ratos, porque eles empatam com as pessoas e não geram qualquer benefício em nenhum ambiente aqui, lá ou acolá... Somente adoecem a sociedade.

Repensemos nossos conceitos das cobras! Algo está errado nas escrituras! Foram os ratos que levaram a humanidade a pecar! Visite uma câmara, um palácio de governo, senado, e constate! É lá que o pior do ser humano se revela em pessoas com o pior dos bichos.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 30/12/2011
Reeditado em 30/12/2011
Código do texto: T3414536
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