O Brasil sem Cultura

Ser polido no Brasil paga um preço muito alto. O Brasil não admite um homem culto de maneira alguma. O nosso país gosta muito de ouvir, de dar amém a tudo e não ser contrariado. Tinha muita razão Lima Barreto em criticar o Brasil de maneira radical nesta questão da nossa educação manca que nós temos até hoje. Nunca um homem de letras neste país da bruzundanga teve valor nenhum, pois o nosso país não interessa o saber de ninguém. A cultura do Brasil é a cultura do futebol, ou a cultura da nudez, ou ainda a cultura da violência brutal. Os próprios mestres têm total desprezo, pelos bons escritores, pelos bons poetas, e os artistas de outras artes. Como podemos dar valor a arte se somos ignorantes com ela? Como podemos amar a um José de Alencar se não sabemos ler e muito menos interpretar aquilo que lemos? Só dá valor a cultura quem foi habilitado a ela desde criança, como eu e outros mais. No Brasil todo mundo quer ser doutor, porém sem nenhuma cultura verdadeira. O Brasil nunca será um país de grande cultura como muita gente pensa até hoje. Todo país de cultura, a sua primeira fonte é ler bastante e interpretar o que leu. No Brasil de Cabral lemos pouco e entendemos muito menos. Ler Castro Alves é dizer o que ele pensava do nosso país escravocrata e não decorá-lo sem entender coisa alguma do que leu. Quem lê pensando em decorar, nunca interpreta o que está escrito. No Brasil sempre o que aprendemos é decorado e não interpretado. A verdadeira cultura até hoje o Brasil não conheceu e nem vai aceitar de maneira alguma. A nossa maior cultura hoje está sendo a novela vulgar, ou a música de péssima qualidade, para quem tem boa percepção. O nosso Luis Gonzaga hoje não tem mais vez neste Brasil desgovernado e anti-cultural. Nunca mais teremos: um Viriato Correia, um Olavo Bilac, um Humberto de Campos, um Machado de Assis, um Monteiro Lobato, um José de Alencar, um Joaquim Nabuco, um Patrocínio e tantos outros homens deste quilate que tiveram uma cultura salutar e que tanto fizeram por este Brasil derrotado pela política nefanda e pela falta de respeito de cada um de nós. A morte de uma nação começa pelo descaso do conhecimento da sua própria língua. O nosso português não faz inveja ao português arcaico de Provença na época medieval. Sentimos os maiores absurdos na língua de Camões, o maior cultor deste nosso idioma tão mal entendido neste Brasil selvagem.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 13/12/2013
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