Brasil

  Porque já não se resolvem os problemas deste século com fórmulas do século XVIII, impoê-se uma renovação de estruturas. de méritos e de pocessos de ação política. Caso contrário, não se terá dado o passo à frente em prol dos interesses coletivos.
  Já não é a mesma, nem pode ser, nesta primeira metade do século XXI, a técnica constitucional: deve ela traduzir, nas Constituições, a experiência do passado, a realidade do presente e as aspirações do futuro.
  O Brasil é um país amadurecido para a conquista dos seus destinos e não podem os homens e mulheres desta geração esbajar sua inteligência no mimetismo jurídico e político, buscando em outros povos e épocas as soluções, que só durarão tendo fundas suas raízes na conjuntura nacional.
  A recompensa de se dar ao Brasil uma Constituição Democrática e amoldada às realidades nacionais será o maior bem a que possam aspirar os brasileiros: a LIBERDADE.
  O drama político hodierno, em todo mundo, reside, precisamente, na angústia do tornar compatível a coexistência destas ideias, aparentemente antitéticas, que confluem para a pessoa humana, a liberdade e auteridade.
  Cremos que os problemas fundamentais do homem brasileiro são problemas básicos do homem da visão científico-tecnológica do mundo conteporâneo. Importa descobrir e analisar a forma destes problemas para a consciência nacional, bem como a significação das respostas já dadas a estes problemas, bem como abrir-se a um processo inventivo criador de pesquisa sobre a nova civilização humana que está em via de acesso de se revelar como forma nova do homem de se descobir no tempo.
  Formou-se já uma consciência de direitos sociais a serem assegurados pelos governos democráticos tanto como os direitos individuais e, com esta nova amplitude, a Democracia dexia de ser apenas política, para ser social, e continua sendo, na simplicidade da pura expressão consagrada pela História, o governo do povo pelo povo, porém, política e socialme
  Neste virar decisivo da História da humanidade, é urgente uma ação solidária no sentido do desenvolvimento integral do homem. Realizar, conhecer e possuir mais, para ser mais, é a aspiração dos homens de nossos dias. Nem é já simples crescimento econômico o desenvolvimento. Para ser autêntico, deverá ser ele integral, ou seja, promover todos os homens e o homem todo: não se pode aceitar que o econômico se separe do humano, nem o desenvolvimento poderá ser afastado das civilizações em que se inclui. Trata-se do homem, de cada homem, de cada grupo de homens, até chegar-se mesmo à humanidade inteira, bem como da sociedade mesma de que é o homem membro. Herdeiro das gerações passadas e beneficiário do trabalho dos seus contemporâneos, tem cada homem deveres e obrigações para com todos, nem poderá desinteressar-se dos que virão depois aumentar o círculo da família humana.
   Aplauda-se o homem onde quer que ele esteja - no trono, ao lado da amada, na cruz, nos campos de batalha, fazendo que for.
  O homem não tem outra razão para viver sem ser recriando seu poder de amar, na construção das formas que se renovam incesssantemente sem aguardá-lo: pois quando o homem consegue retratar a vida da flor, ela já feneceu; o entardecer de seu quadro já é agora noite fechada: a angústia de mãos crispadas no estertor da morte, já é placidez ao lado do Senhor.

 
Roberto Gonçalves
Filósofo