A ética está de luto com  a morte de Jefferson Péres.

 

            Não poderia deixar de escrever um artigo sobre o falecimento deste grande guerreiro da ética na política brasileira que perdemos neste dia 23 de maio de 2008.

            O Brasil perdeu um grande homem público Jefferson Péres, tive a oportunidade de muitas vezes assistir pela TV Senado suas atuações, seja nas Comissões Parlamentares, nas CPIs e seus discursos inflamados a favor da ética no plenário do senado. Era comum expressar sua indignação aos desmandos éticos da classe política de um modo geral. Certa vez chegou a citar a decepção com os eleitores que infelizmente concordam com esta falta de ética dos políticos sempre os reelegendo-os, mesmo sabendo de suas condutas antiéticas e morais nos poderes executivo e legislativo. Chegou a dizer que este seria seu ultimo mandado – infelizmente o foi, não saindo da vida pública, mas sim, partindo desta vida.

            Um país onde precisamos de homens públicos sérios comprometidos com a ética, com o zelo do patrimônio público a morte de Jefferson Péres empobrece o Brasil de forma significativa, pois ainda que tenhamos poucos políticos sérios suas vozes ecoam produzindo efeitos positivos.
 

            Era visível ver Jefferson Péres com ar de sofrimento por fazer da política um sacerdócio. Não raro por força maior, isto é, sendo obrigado a votar com o partido em questões que muitas vezes era contra seu pensamento. Porém, nestes momentos o víamos calado, triste sem querer defender algo que era contra seus pensamentos, não fazendo demagogia.

            Embora de presença discreta, porém muito atuante exerceu seu mandato com dignidade enaltecendo o parlamento, tornando-se um homem respeitado tanto pelos seus aliados como adversários políticos; não por ser o mais velho, mas por ser um político de currículo imaculado. 

             Que seu legado possa permanecer na história, sendo alento e motivação para aqueles que ainda acreditam que é por meio da política que se constrói um país mais sério eticamente. Que seu exemplo possa ficar registrado não nos anais do parlamento tão somente, mas na mente e no compromisso que é assumir a responsabilidade de representar a sociedade por meio de cargos eletivos. 

            Sempre quando morre uma pessoa ilustre, uma pessoa pública há uma comoção na sociedade pela perda de uma pessoa conhecida e querida. No entanto, embora Jefferson Péres seja um homem público, conhecido apenas pelo mundo político aqueles que atuam na política, que acompanham este seguimento, que atuam na mídia sentem um pouco órfão, por ver mais uma voz se calar. Uma voz que certamente será necessária em muitos momentos que se seguirão na história. Porém, nosso tempo aqui é limitado e esperamos que surja um discípulo que o tenha como referencia e assim, podemos sentir ameninados pela grande lacuna ética que se abril com a morte de Jefferson Perés.   

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 24/05/2008
Reeditado em 26/05/2008
Código do texto: T1003236