É preciso enterrar a reeleição com o voto

 

            Quando se passou a reeleição de Lula, escrevi um artigo sobre a reeleição. Afirmava que este tema somente vem à baila em períodos eleitorais, e com enfoque quando é no âmbito federal. Quem está no poder e tem a oportunidade de mais um mandato se cala, e quem está disputando levanta a discussão. Quando passa o pleito, tudo se acomoda e pára de falar sobre o assunto. E assim, vemos ocorrer consecutivamente.

            Este ano ficou mais em silêncio ainda, porque se articula o terceiro mandato de Lula nos bastidores. O terceiro mandato é mais polêmico, pois além de estender três mandatos ao presidente, certamente terá que estender também aos governadores e prefeitos. Fica uma pergunta: como dar mais um mandado ao presidente e não ao executivo estadual e municipal?

            É importante que nós eleitores sejamos consciente e analisamos como têm ocorrido as reeleições. No primeiro mandato, os eleitos fazem de tudo, procuram realizar seus planos de governo, fazem um mandato excelente, pois ao serem empossados já iniciam suas campanhas para a próxima – alias, quem disse isto foi o próprio presidente Lula em certa entrevista – o executivo com olhos nas próximas eleições sempre fazem excelente governos no primeiro mandato.

            Quando chega novo pleito os executivos com a maquina nas mãos podem fazer favores aos eleitores como ampliar o assistencialismo individual, explorar no máximo a mídia ficando sem concorrentes. É comum ao frigir dos ovos sempre constatarmos como resultado eleitoral a maiorias dos municípios reelegerem o executivo. No entanto, vemos ocorrer o inverso no segundo mandato. Certamente isto ocorre porque o segundo é completamente oposto.

            Podemos aqui enumerar vários distinções entre o primeiro e segundo mandato como, por exemplo, não há interesse de o executivo fazer seu sucessor, pois é mais difícil atacar seu aliado que o opositor. Segundo; com o término do segundo mandato o executivo perde o interesse, por não ter o terceiro mandato. Acredito que estes dois fatores são essências para que refletimos a questão da reeleição.

            O tempo de oito anos embora não pareça, causa um desestimulo do governo no segundo mandato. Pois, quase em sua totalidade precisa aguardar por oito anos para tentar novamente. Certamente, este tempo já há o envelhecimento e como conseqüência, a falta de condições físicas, emocionais; há o afastamento do contato com o eleitor. Sem a reeleição isto não ocorre, pois após descanso de quatro anos o político está em plena atividade política podendo o eleitor comparar seu mandato com. É comum eleger-se novamente com certa facilidade. Enfim, a não reeleição tona-se a política mais estimulante tanto para o eleitor quanto para o próprio político.

            Em suma, é fundamental que nós eleitores aprendamos com a prática dos acontecimentos enterrarmos a reeleição pelo voto, não dando o segundo mandato aos que pleiteiem. É importante que sejamos conscientes que a reeleição não é bom para a democracia, para o desenvolvimento de uma cidade, de um estado ou do país – ainda que tenhamos bons gestores em seu primeiro mandato. Pois, enquanto desenvolvemos quatro anos, paramos os outros quatro consecutivos e ainda estimulamos a corrupção.

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 08/06/2008
Reeditado em 08/06/2008
Código do texto: T1025318