VAZIO

Há momentos na vida da gente em que nem nós mesmos sabemos explicar determinadas atitudes que  sentimos a obrigação de tomar,  e  que não serão entendidas pelos outros, obviamente.  São ocasiões em que sentimos uma sensação enorme de perda, de vazio na alma, mesmo assim seguimos com determinação de mudar, de acabar, de dar final a algum projeto, alguma coisa que sonháramos ter ou fazer e, num determinado momento percebemos que não está a nosso alcance. Não por incompetência, ou até sim, por que não? Não somos o poder e a sapiência personificada, tentamos, nos aprimorar, mas nem sempre se consegue tudo do jeito de desejamos, que sonhamos. Podemos ter sonhado alto demais, podemos ter pensado ser simples demais, e finalmente verificamos que nem tudo que se deseja, está  a nosso alcance. Fica um vácuo no lugar do sonho perdido, fica uma vida nublada, sem sol, sem risos, sem flores. Pensar em seguir em frente seria uma boa opção, mas esse vazio, esse sentimento de perda precisa de muito tempo para se poder recobrar, reabastecer as energias e pensar em outras situações. Mas posso garantir que a cada perda na vida, seja ela de que modo for, é como se fôssemos perdendo um pedaço de nós mesmos, deixando pelo caminho, esquecido um pouco de nosso EU. Penso que, talvez, por isso, há pessoas idosas que parecem não mais se importar com o que se passa ao redor. Fico imaginando ao vê-los assim, e as vezes, nem são tão idosos, mas parece que se perderam pelos caminhos da vida, que foram perdendo seus pedaços, em forma dos sonhos não realizados, as ilusões não alcançadas, e só restou um pedacinho deles. Até mesmo pessoas ainda com muita vida pela frente, podem se sentir apenas um pedacinho ao ter que, novamente, abrir mão de um sonho, perder uma luta, e continuar a vida mesmo assim.