Olhando mais uma vez...

Olhando mais uma vez...

Temos ainda tão parca consciência do quanto somos excludentes, preconceituosos,

Cegos, surdos e mudos diante a discriminação racial e social. Esta, parece-me relativa

a quantidade de desconhecimento de nós próprios enquanto seres célula do universo.

A mesma questão estende-se a curta visão e assimilação da necessidade de cuidarmo-nos

uns aos outros bem como do nosso planeta, casa.

Cuidamos mal de nossas escolhas, fazemo-las pouco conscientes da nossa responsabilidade

para com o todo. Este fato, ao meu ver deriva-se ainda da visão linear de mundo.

Tratamos deste assunto incansavelmente em nossos discursos indignados, como uma

variedade de enfoques. Talvez o exemplo ainda seja o melhor discurso.

Há grande resistência em mudar, averiguar nossos medos inconscientes, medos de perder

o controle das situações, da morte, da vida, de perder algum status adquirido, esquecemos

facilmente que a vida é movimento e ao desejarmos permanecer e, lutarmos com garras ,

em determinada posição, gastamos energia preciosa em algum empreendimento,fadado ao

fracasso, quando não flexibilizado , aberto 'as diferentes visões. Dialogar é preciso, dialogar

com as artes, com a filosofia a psicologia, humanizando-nos, vascular os motivos

inconscientes que nos movem; desrazão e pouca inteligência ainda vigente.

Freud um homem da cultura e não da técnica, influenciou as artes, o surrealismo deve a ele

seu surgimento, a sétima arte tem nele grande fonte de inspiração .

Traçar novos rumos, não perder o norte não é fácil tarefa, necessitamos de orientação

pedagogica, cultural, abrirmo-nos aos leques de referências. Dispormo-nos a escuta e ao

olhar dos excluídos. Ouvir suas vozes é urgente, vozes não viciadas, menos vaidosas e

cegas, rígidas, fixadas em mesquinharias, pequenos status... Vozes que gritam com olhos

arregalados assistindo,através das vidraças ao baquetear-se de alguns poucos.

O lixo aumenta, crescente a quantidade de pessoas sem voz, sem rosto que dele sobrevivem

em situações constrangedoras, sem as mínimas e básicas condições de higiene e dignidade.

O Documentário Estamira, de Marcos Prado, é um exemplo do que e como a arte pode e

está a serviço desta denúncia sensível, demonstrando o " mundo do lixo " os subprodutos

de nossa sociedade cega.

Estamira Vê, e como Vê e vem sacudir alguns peitos em pranto, horror, espanto, provocar

algum pensamento , inaugurar visões poéticas, alertar sobre fatos que a alguns doutos escapa.

Estamira vem como vento embaralhar as cartas marcadas de nossa sociedade entorpecida.

Virgínia f. além mar- Texto de novembro 2006 – in jornal Ecos -

virgínia vicamf
Enviado por virgínia vicamf em 27/11/2008
Código do texto: T1305837