Big Brother: Retrato do Brasil?

Recebi três e-mails de uma galerinha jovem que lê meu blog, perguntando o que acho sobre o Big Brother. Respondi que gosto tanto que me imaginar escrevendo sobre, me enche de intenso tédio...

Mas como a moçadinha precisa se direcionar bem neste mundo, eu farei esse sacrifício, não criando uma regra a ser seguida, mas compartilhando minha opinião sobre:

Eu não assisto Big Brother! Aliás, eu não assisto a Rede Globo! Melhor: eu não assisto tv! Se quer me ver saindo do sério e me colocar em frente a tv e terá de certo como resultado eu esbravejando meu inconformismo por uns cinco minutos: é o tempo máximo que consigo ficar diante de programas tão chuleiros que agridem e subestimam minha pouca inteligência. Depois que fiquei sem minha tv à cabo, sem History Channel, sem Discovery e sem National Geographic, não me restou mais nada a não ser Dvd's.

Tudo que a mídia apresenta é vendável, e foi-se o tempo que um simples jornal servia de veículo para os que lutavam por democracia, igualdade e direitos para o povo embutindo em seus artigos mensagens ocultas. Estamos em meio ao consumismo.

A tática de venda da publicidade é simples: vende o que a maioria diz vender. Antes de qualquer coisa seja vendida é feita uma pesquisa de opinião publica para se saber o que o povo gostaria de comprar. Editoras por exemplo não se interessam em publicar livros de poesias como já foi um dia... Antigamente, as poesias retratavam os segredos do cotidiano e as indignações do dia-a-dia que ninguém ousava dizer, e seus autores ousavam viver um tipo de vida considerado na época eloqüente e promiscuo: isso era interessante. Hoje, as pesquisas indicam que as pessoas não gostam de poesia, sendo elas uma maioria. Preferem outros tipos de literatura, ou podem quando é preciso enviar algo para alguém, conseguir alguma pela Internet, e por isso foi determinado que poesia não vende.

As pessoas foram condicionadas discretamente ao consumismo que alimenta essa mania do 'ter', disfarçado de 'ser'. E a voz do povo é a voz de Deus na publicidade e em vendas, não quando o assunto são os direitos exigidos e o exercício da lei...

A rede Globo comprovou que Big Brother vende no Brasil. Clone do programa que se iniciou nem me lembro em que país, lá deu tão certo que passou a ser feito em outros países, inclusive aqui. O programa original reflete a cultura e o comportamento de um povo, e chega a ser interessante, pois assistir um grupo de ingleses, por exemplo, que tem a oportunidade de colocações em bons empregos e ingresso em grandes universidades, refletem pessoas inteligentes e intelectualizadas, não apenas bonitas, saradas e siliconizadas, como é o caso do programa daqui.

Vemos o perfeito retrato do intelecto brasileiro quando assistimos o BBB: pessoas interessadas no seu culto particular ao corpo, com a própria imagem, com fama e dinheiro, não importando de que modo são vistas: preguiçosas, falsas, hipócritas, inseguras, contraditórias, vaidosas ao extremo, fúteis, sem criatividade, sem senso de coletividade, carentes e sem motivação. Isso vende bem: há muitas pessoas que desejariam estar num lugar daqueles, ou curtem ficar assistindo a vida alheia.

O mesmo ocorre com novelas... E sabendo-se disso, resolveram embutir 'mensagens informativas' de utilidade pública para fazer valer a utilidade viciosa de se assistir novelas. Eu fiquei pasma certa vez no ponto de ônibus: o ônibus lotou e a senhora ficou do lado de fora, não conseguiu entrar e ficou pra trás. Gritou escandalosa que ia perder a novela e xingou o motorista de tantos nomes inapropriados para uma senhora daquela idade, que fiquei de boca aberta. Engraçado é que ela não deve ser do tipo de pessoa que faz o mesmo escândalo para exigir melhoria no trânsito ou nos transportes. E é esse o interesse de algo maior escondido por trás de tudo isso: manter as pessoas cegas, focalizadas em um único interesse trivial para não enxergar o que deveria.

Digam-me: O que vocês conseguem aprender assistindo Big Brother além de saber o que já está registrado no rótulo de seu shampoo? Ou além do que está em sua revista feminina?

Certa vez, um professor me disse que a Matemática é útil todos os dias da vida de uma pessoa. Depois, uma professora me disse que a Psicologia é tão útil e necessária quanto a Matemática, e como seria diferente o mundo se todos a estudassem. Hoje eu digo que quão bom seria se todas as pessoas tivessem noções básicas de Publicidade, tão necessário quanto Matemática e Psicologia. As pessoas deveriam saber comprar, tanto quanto deveriam saber como vender.

A maioria que tem atendido seu desejo não sabe as intenções e o que rola quando uma empresa quer vender algo...

Não sou adepta de mensagens subliminares e detesto isso. Não sou mais uma que acredita em conspirações secretas... É algo óbvio que qualquer pessoa que tem acesso a literatura sobre vendas sabe: táticas!

Bem, já me encheu de tédio lembrar daquele bando de gente que fica o dia inteiro deitado e falando e não fazem absolutamente nada a não ser conspirar uns contra os outros e esperam o dia passar... Já nos basta ver nossos desempregados sem motivação, mas ao contrário da moçadinha sarada do BBB, não conspiram contra ninguém para vencer!