Casal feliz e família Pedroso em Frutal/MG

Casal feliz e família Pedroso em Frutal

Meu pai, Aurelino José Pedroso, nasceu em 10/12/1914 em Gameleira, hoje Pindaí/BA, e faleceu em 29/01/1993 na cidade de Frutal/MG. Filho de Trajano José Pedroso, descendente de português, e de Maria Júlia de Jesus, sendo que a mãe dela era índia daquela região, provavelmente da tribo dos Tapuyas. Ele era caçula de uma família de dez irmãos. Foi criado, segundo se comenta, com muito carinho especialmente por suas quatro irmãs, pois sua família era composta de pai, mãe, seis irmãos e quatro irmãs. Sendo seus irmãos: Guilhermino, Justino, Benjamim, Philomeno, Hermínio, Belarmina, Jerusina, Herminia e a Neném, que ainda não descobri o nome verdadeiro, todos com sobrenome Pedroso.

Começou a trabalhar muito cedo, ainda no pastoreio de cabras e gado da família e logo começou a fazer feira em Gameleira com seus irmãos. Feira que era uma espécie de troca de mercadorias. Com mais idade começou a fazer plantação de algodão para aumentar a renda. Também se dedicava a fabricar telhas e tijolos em olaria da família.

Gostava de ter o seu próprio dinheiro, isto é, ser independente. Aprendeu a ler e escrever sozinho com pequena ajuda de um professor que os visitava, vez ou outra. Era também bom em matemática, pois sabia fazer corretamente as quatro operações e aprendeu quase sozinho. O livro que usava para treinamento da leitura era a Bíblia. Por ouvir falar do progresso de São Paulo, pois seu irmão mais velho já havia para lá imigrado com esposa e filhos, resolveu fazer o mesmo aconselhado e mandado por seus pais que haviam comprado mais uma gleba de terras e precisavam de dinheiro para completar o pagamento. Para isto veio para a região de Barretos/SP fugindo da seca do Nordeste com o intuito de mandar dinheiro para o tratamento de seu pai. Este que já se encontrava adoentado e também precisando pagar o restante das terras que havia comprado, sendo que devido à seca da época não havia meio de pagar. Nesta época já era independente tendo seu próprio dinheiro e uma boa gleba de terra, algumas cabeças de gado e cabritos os quais deixou para a subsistência de seus pais e família.

Aqui chegando se dedicou ao trabalho rural sendo sempre chefe de empreiteiros. Com o ganho das empreitadas mandou dinheiro para seu pai pagar o restante da dívida das terras. Continuou trabalhando na região e, ao levar suas roupas para dona Anna Bosada lavar, ficou conhecendo Isabel que era a segunda filha num total de cinco irmãs. Ela, Isabel, e Teresa, Joana, Antonia e Maria, todas com sobre nome Rivera, e mais a Cleyta com assinatura de Martins, esta última do segundo casamento de minha avó Anna. Ela, avó Anna, era filha de João Bosada e Isabel Delgada Martin, os quais eram espanhóis de Córdoba (Espanha). E de Málaga (também na Espanha) o seu pai, ou seja, o pai de minha mãe que se chamava Antonio Rivera Luque, cujos seus pais eram Antonio Rivera Perez e Theresa Luque Luque, com os irmãos Jose, Sebastian e Anna Rivera Luque que chegaram de Málaga em 04/08/1913 pelo navio Provense, ao porto de Santos/SP.

Como vinha contando anteriormente, meu pai se apaixonou pela beleza da donzela bonita e jovem. Este encontro do casal se deu quando moravam na região de Olímpia/SP. Posteriormente mudou para Cosmorama/SP, junto com a família da futura esposa e se casaram em 23/09/1942 onde nasceram os filhos José, Sebastião (falecido) e Claudhemiro (também falecido). Em Cosmorama/SP se dedicava ao plantio de arroz, algodão e milho. Com este trabalho, já tinha reserva para comprar uma gleba de terra na região, porém em 1948 mudou-se para Barretos/SP onde nasceram Antonio (falecido), Osmar, Antonio II, Ademar (falecido), Hélio (falecido), Maria Aparecida, Aldo, Luzia de Lourdes, Renato e Paulo. Na região de Barretos dedicou-se a inicialmente à plantação de milho e arroz na Fazenda Limeira do mesmo município. Depois, no final de 1949, mudou-se para a Fazenda Amarela na mesma região e do mesmo proprietário onde foi cuidar de cultivo de cafezais, cuja tarefa era zelar de 10.000 pés de café já adultos onde se apaixonou por esta atividade.

Entre 1951 e 1952 voltou para a Fazenda Limeira, porém noutro extremo da mesma onde se dedicou, inicialmente, ao plantio de algodão, milho e arroz por três anos. Na sequência, combinou com o proprietário a formação de uma lavoura de café e para isto teve que derrubar uma mata virgem, onde pôde contar com ajuda de seu irmão Justino, do cunhado Pompilho, dos sobrinhos Durval (Velho) e seu irmão Antônio, Jesolino (Jeso) e Helvécio, filhos do tio Justino. Encararam a tarefa em conjunto, feita tudo a mão. Concluindo a derrubada e limpeza do local procedeu-se o plantio do café. Este foi sedimentado direto na cova num total de 6000 pés de café. Após três anos plantou mais 4000 pés, desta feita em mudas, onde também se plantava milho, arroz e algodão.

Neste local residiu até 1964 quando, com o produto de trabalho com produção de café, conseguiu comprar uma gleba de terra na Fazenda Barra Mansa, região de Tanabi/SP. Local bem próximo ao povoado de Ibiporanga por lá residindo até 1978. Daí mudou para Frutal/MG, pois vendeu a propriedade e comprou outra neste município, na Fazenda Bananal, porque haviam ficado sozinhos por lá. Estava contando com a companhia de somente um dos filhos, Antônio, pois Sebastião havia se casado e mudado para São Francisco de Sales/MG e os outros tinham vindo para Frutal para estudar e trabalhar, sendo que a maioria deles trabalhou na Auto Peças Pedroso.

01 - Em 1970 fui buscar o Ademar José Pedroso para me ajudar na loja, o qual começou ainda muito jovem como office boy e auxiliar geral. Logo passando para vendedor e finalmente gerente de uma filial por dezoito anos, onde conheceu Sonia Ferreira que era funcionária e acabaram se casando. Ele saiu em 1988 para cuidar, junto à esposa, de empresa própria, a Bombas Diesel Frutalense Ltda. e deum Auto Elétrico na cidade de Planura/MG que havia montado com seu sócio, Wagner Donizete Brás, que também fôra meu funcionário no Auto Elétrico Pedroso desde adolescente. A empresa deles, Adhemar e Wagner, se chamava Auto Elétrico Vale do Rio Grande e foi sucesso por vários anos em prédio próprio. Adhemar chegou a montar filial do seu negócio em Uberlândia/MG e depois em Campo Florido/MG, falecendo em janeiro de 2007, vítima de aneurisma cerebral.

02 - Osmar José Pedroso começou trabalhando como auxiliar no Auto Elétrico Pedroso de minha propriedade. Na época o titular era Reginaldo Batista Lemos como eletricista chefe. Um ano depois, Reginaldo saiu para tomar conta do próprio negócio e Osmar, ainda aprendiz, assumiu o Auto Elétrico Pedroso, juntamente com o eletricista Brás da Mata, sendo que depois de três anos saiu também para gerir sua própria empresa, já casado com Maria Ferreira e com uma filha. Montaram um auto elétrico na cidade de Itumbiara/GO.

03 - Claudhemiro José Pedroso havia mudado para Frutal/MG acompanhando a família. Era recém casado com Alaídes Scarpim Pedroso. Sua primeira atividade foi montar um açougue em sociedade com Eduardo Ribeiro, já falecido, marido de Juliana Queiroz, que não era a da farmácia. Meses depois, vendo que não era a sua praia ou vocação, vendeu para Jarbas Honorato e foi trabalhar comigo na propriedade rural, a Estância Bela Vista, onde nos dedicávamos à criação de gado e 3000 pés de café que não vingaram porque as terras não eram próprias para café, sendo o terreno muito arenoso. Neste local, plantávamos também 600.000 pés de abacaxi e dedicávamos também à extração de sementes do capim brachiara.

Em 1980 sofreu um aneurisma cerebral enquanto recolhia as vacas para ordenha. O empreiteiro que tirava semente o trouxe ao hospital sem saber guiar, pois era mais acostumado com trator e Claudemiro, mesmo sem condições o veio orientando a mudar as marchas de seu Corcel amarelo 1973. Como seu estado era grave, alugamos um avião teco teco na cidade de Colina/SP e para lá nos dirigimos em uma ambulância. Já no avião o destino era o Hospital Felício Rocha em Belo Horizonte onde havia um médico famoso. Em Frutal, o Dr. Faleiros por ser já conhecido ao ter operado com sucesso João de Cristo Lacerda, músico que, depois de operado, ainda viveu muitos anos tocando na Banda Major Lara, de sua propriedade. Em Belo Horizonte a operação foi um sucesso. Apesar da distância de 750km, nos sentimos em casa porque uma empresa nossa fornecedora, a Sama S/A, deu completa cobertura, conseguindo até doadores de sangue para a operação. Pudemos contar também com a fraternidade da Maçonaria, à qual pertenço, pela direção da GLMMG de Belo Horizonte, que nos disponibilizou toda atenção. Ele voltou para casa, com repouso absoluto alguns meses, ficando quase incapacitado para o trabalho agrícola, então o coloquei para trabalhar na loja, como entregador, onde ficou por dez anos. Era muito querido pelos mecânicos dada sua educação, calma e tratamento para com os mesmos. Em 1990 sofreu outro aneurisma no outro lado da cabeça. Foi operado em São José do Rio Preto/SP pela equipe do Dr. Salvador Martucci, não sendo bem sucedido, pois após a operação não conseguiu mais andar. Faleceu no inicio de 1993. Suas filhas trabalharam comigo nas lojas, sendo que Josaina por mais tempo foi de auxiliar ao setor financeiro com cargo de total confiança por vários anos. As outras filhas, Franciele, por alguns anos, e Betânia, por alguns meses. Com exceção de Ana Paula que não chegou trabalhar porque ainda era criança.

04 - Sebastião José Pedroso não chegou a trabalhar conosco. Era casado com Benedita Perussi Pedroso, moradores em São Francisco de Salles/MG onde sofreu um acidente com trator, vindo a falecer. Sua viúva trabalhou comigo no Auto Peças Pedroso II, no caixa por dois anos e depois no Auto Peças Pedroso III por vários anos. Seu filho primogênito, Paulo Donizete Pedroso, começou trabalhando comigo no Auto Peças Pedroso ainda adolescente como auxiliar geral passando a vendedor por vários anos até sair em 1999. Ele também casou com uma colega de trabalho, Cristiane Paglioni. Saiu para trabalhar por conta própria em sociedade com o tio, Osmar José Pedroso, no ramo de auto elétrico.

05 - Hélio José Pedroso, ainda muito jovem começou a trabalhar comigo no auto peças, permanecendo por mais de dez anos. Começou como auxiliar, mas logo começou a vender tornando-se exímio vendedor. Também era muito financista, ou seja, pão duro. Os colegas falavam que não gostava nem de tomar café na lanchonete para não gastar. Casou-se com Selma Toledo. Também saiu para cuidar do próprio negócio que na época era no ramo de transporte. Tinha dois caminhões, ficou sócio alguns meses com Osmar José Pedroso, depois montou a Retífica Frutalense Ltda., empresa de grande sucesso, mantendo frota de caminhões de transporte e várias casas de aluguel. Faleceu em 2000, vítima de câncer, deixando esposa e dois filhos.

06 - Maria Aparecida Pedroso, quando fui buscar o Adhemar, ainda adolescente havia me falado que também queria vir para Frutal para estudar mais, na opção de trabalhar durante o dia e estudar à noite. No mesmo ano de 1970 fui buscá-la. Ela ficou em minha casa por alguns meses na função de secretária, quando só tínhamos o filho Aurélio. Ela tomava conta da casa, pois minha esposa Carmen lecionava no Jardim de Infância Raul de Paula e Silva. Meses depois ela saiu e foi trabalhar na Casemg – Companhia de Armazéns Gerais de Minas Gerais. Dois anos depois casou com Afrânio Vieira que era empresário de alimentos. Com a saída de Adhemar para cuidar dos próprios negócios e a pedido da minha irmã Maria Aparecida, que na época era empresária no ramo de jóias, contratei Afrânio, seu marido, para substituí-lo. Afrânio trabalhou por alguns anos como gerente do Auto Peças Pedroso II, saindo também para cuidar do próprio negócio em sociedade com o irmão caçula, Paulo Sérgio Pedroso, no mesmo ramo.

07 - Luzia de Lourdes Pedroso também trabalhou comigo por vários anos, começando ainda muito jovem como auxiliar e depois foi do nosso departamento financeiro onde tomava conta de todos os pagamentos e recebimentos das lojas Auto Peças Pedroso I, II, III, do Auto Elétrico Pedroso e da Bombas Diesel, num total de cinco empresas. A Bombas Diesel, posteriormente, foi passada para Adhemar. Luzia deve ter trabalhado aproximadamente por uma década.

08 - Paulo Sérgio Pedroso também começou trabalhando comigo ainda criança, fazendo algumas cobranças e entregas mais próximas de bicicleta. Foi também auxiliar geral e vendedor. Após vários anos, creio uma década, saiu para montar o próprio negócio.

09 - Aldo José Pedroso começou trabalhando comigo no início dos anos 80, ainda jovem no auto elétrico, como auxiliar de José Anselmo, reformando baterias. Depois veio trabalhar na loja como auxiliar geral e alguns anos depois como entregador moto boy onde está até hoje.

10 - Renato José Pedroso também começou ainda garoto no Auto Elétrico Pedroso, também auxiliar de José Anselmo por alguns anos. Como nossa propriedade rural necessitava de um zelador, ele se candidatou ao cargo lá residindo por cinco anos, solteiro e morando sozinho. Após ter ganhado numerário suficiente para comprar a propriedade própria, saiu e montou um supermercado. Hoje mora no Estado do Pará, com esposa e dois filhos.

11 - Ficou só Antonio José Pedroso, que não trabalhou comigo diretamente porque ficava tomando conta da propriedade rural dos nossos pais. Há alguns anos plantamos, em sociedade, uma lavoura de abacaxi com 120.000 pés. Fizemos uma experiência inédita, plantando as coroas dos frutos de abacaxi, o que deu bom resultado.

Assim vai o desenrolar das ações de nossa família, unidos e confiantes, cada um cumprindo fielmente o seu papel na condição de cidadãos brasileiros, dedicados ao trabalho na soma para progresso da Pátria com bons exemplos e cultivadores da moral. Pagadores de impostos e proporcionando empregos na área em que atuavam na zona rural. Trabalhavam com apoio da família que vinha do Nordeste, os quais eram seus irmãos, cunhados e sobrinhos e outros mais que optavam vindo direto para suas casas, os quais ali trabalhando, mandando dinheiro para a família e depois indo embora após anos de trabalho levando seus ganhos. Eles chegaram a Frutal em 1978 onde continuaram seus trabalhos vindo a morar em propriedade que compraram aqui próximo na Fazenda Bananal. Produto de trabalho braçal em lavoura de café no estado de São Paulo.

Em sua propriedade cultivava o plantio de frutas, café e o engenho de fazer rapadura em trabalho de sol a sol, só descansando aos domingos após o meio dia, visando sempre a independência financeira, alicerce para os filhos e esposa. Bastante sábio, dono de um bom papo, gostava de fumar cigarro de palha com fumo que ele mesmo fazia. Sabia ler e escrever bem. Era bom em matemática, extrovertido, era calmo, às vezes nervoso e gostava de alguns aperitivos. Sua vida era trabalho, trabalho, trabalho e sempre falava que devemos trabalhar hoje para comer amanhã e não trabalhar hoje para comer hoje mesmo. Mais trabalho não importando se faça chuva ou sol.

Minha mãe, Isabel Ribeiro (Rivera) Pedroso, que foi seu braço direito em tudo durante todos estes anos que viveram juntos nasceu em 30/04/1924, na cidade de Jundiaí/SP e faleceu em 17/03/2000 em Frutal. Era filha de imigrantes espanhóis, como afirmei acima, de Málaga (Espanha). Também sabia ler e escrever bem, embora só tivesse estudado até o terceiro ano primário o qual foi feito em boas escolas na capital paulista. Ela sempre era solicitada a escrever cartas aos parentes dos peões de meu pai que vinham do Nordeste, usando aquela linguagem bem familiar e tranquilizando a família que estava do outro lado. Gostava de orar, sendo rezadeira dirigente de terços pelas vizinhanças. Gostava de cantar, principalmente quando mais jovem e sabia várias músicas, como antigas marchinhas de carnaval. As que mais gostava era "Jardineira" e "Amélia", dentre outras. No tempo que não tinha rádio nem televisão, algumas noites cantava em dueto com meu pai alguns hinos que o mesmo sabia desde os tempos do Nordeste e que seus familiares cantavam. Por exemplo, "A Lapinha", hino que se referia à cidade de Bom Jesus da Lapa, local de turismo religioso na Bahia. Ela o acompanhava também em algumas músicas antigas. Cantava sempre hinos que usava nos terços, como a homenagem a Mãe Aparecida, dentre outras.

Frutal, aos 28 de outubro de 2003.

Por José Pedroso

Josepedroso
Enviado por Josepedroso em 27/07/2009
Reeditado em 10/05/2020
Código do texto: T1722684
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