EU ROUBO, TU ROUBAS, NÓS ROUBAMOS

( Este artigo só não foi colocado no dia 30/09/06, porque o PC. pifou.)

Ao chegar à casa do amigo Antônio, este se encontrava às voltas com as caixas da mudança que naquele momento estavam sendo fechadas.

Entre uma conversa e outra, surgiu o assunto que mais nos prende no momento: Política.

Questionado sobre o que ele havia achado do debate, mutilado, porquanto o presidente havia faltado, este falou das suas desesperanças com o Brasil e com a política, uma vez que achava que o “cretino”( palavras dele), seria reeleito.

No momento em que conversávamos, trabalhadores braçais estavam no seu apartamento e carregavam as caixas com objetos diversos.

Em certo momento da nossa conversa, um deles, de cujo não me lembro nem mesmo desejo fazê-lo, disse-nos que estava muito satisfeito com o estado atual das coisas.

Perguntei-lhe a razão e ele alegou que para ele a vida havia melhorado, porque conseguia comer carne, coisa que não fazia antes do governo do “cretino”.

Depois de várias perguntas, eu quis saber o que ele achava do estado das coisas e da corrupção desenfreada que havia tomado conta do Brasil, então ele argumentou:

- Todos roubam e até eu acho certo isso. Depois que ele entrou no governo minha vida melhorou, por isso pode roubar à vontade.

Enquanto ele mostrava seus argumentos de pouca consistência, procurava ainda igualar todos os brasileiros na mesma categoria do presidente e eu ia ficando cada vez mais preocupado.

Em certo momento, querendo encerrar aquela conversa improdutiva, uma vez que aquele cidadão achava o roubo da quadrilha do presidente como coisa normal, perguntei-lhe:

- E você, tem coragem de roubar?

- Sim, respondeu ele, afinal todos roubam porque eu não devo roubar também?

Ao ouvir aquilo aumentou ainda mais minha desesperança. O sujeito, pai de família, acha que o roubo é coisa normal e que todos podem e devem roubar.

Ouvindo os argumentos distorcidos daquele trabalhador, motivados pelo mau exemplo dado por governantes do país, senti meu coração apertado e fiquei preocupado.

Afinal, onde foram parar todos os valores que aprendemos e cultuamos através dos ensinamentos de nossos pais?

Terá o Brasil virado uma republiqueta, onde não mais existam leis e exemplos onde possamos nos situar e mostrar aos nossos filhos?

Fiquei apreensivo com tudo o que ouvi, pois sei que aquele modelo de cidadão que admite o crime como uma coisa normal, está passando aos seus filhos o que ele pensa e vê. Ele acredita que anormal é aquele que ainda não rouba.

Depois daquela conversa, meu coração foi ainda mais apertando, porque sou honesto e não vejo nisso uma virtude, mas sim, uma obrigação.

Já aquele homem simples, semi-analfabeto, estava naquele momento admitindo que todos devem roubar, uma vez, que segundo ele, todos os políticos roubam.

Por isso eu vejo gerações perdidas pelo mau exemplo.

Diante disto resolvi dar este grito de alerta.

Acorda... Brasil.

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 02/10/2006
Reeditado em 08/03/2009
Código do texto: T254661