A SENESCÊNCIA E A JUVENTUDE
 
(O amor transita também entre jovens e entre os mais velhos.)
                                 Diz a história grega antiga que Pitágoras, exímio filósofo, matemático e político, fundou uma escola mística em Crotona na Grécia, na época com 94 anos de idade. Nesta época era casado com Theona, matemática e física grega, jovem e sua pupila de 24 anos. Desse casamento surgiram 2 filhas que também seguiram a vocação do pai e da mãe.
Essa introdução é apenas para esclarecer que amores em adiantado estado de idade, com jovens mulheres, não é coisa do presente, mas sim, um fato que vem ocorrendo a milhares de anos. Agora, vamos tecer as implicações e a metodologia da convivência, a satisfação e a ventura desse tipo de amor, bem como os seus inconvenientes.
Eis um pequeno fragmento da convivência:
Conviver conforme o nosso léxico, é viver junto e equilibrar ou sublimar a têmpera de caráter do outro. Também é esforçar-se para compreender e aceitar a personalidade individual do ser coadjuvante na teorética do viver. É difícil a convivência com alguém, principalmente, entre as pessoas de sexos diferentes, por exemplo, namorados, amantes ou mesmo esposos e esposas.
A liderança sempre será disputada, a não ser que, entre os dois, haja um que naturalmente lidere sem prepotência. É conveniente que, para uma boa vivência, tenham sempre em mente o exercício saudável da tolerância. Contudo, sem demonstrar submissão, tornando-se assim, um infeliz vassalo ou um servo impotente do outro.
A mais terrível de todas as enfermidades do espírito humano é quando ele se submete ao domínio de outro.
 
Companheiros, companheiras ou cônjuges, não disputam a liderança imperialista, mas sim, assumem graciosamente os afazeres que a cada um compete. É claro, dentro das suas naturais aptidões. Naturalmente, a liderança sempre recairá sobre o sexo masculino, mas isso não é a regra, pois existem exceções. O fato é que, quando se tratar de esposos e esposas, deverá haver delegação de poderes, inexistindo, se espera, a figura do chefe supremo. Entretanto, é bom se frisar que, a um sempre recairá a liderança, pois essa práxis natural da vida é como se fosse uma vocação nata, uma disposição simples da natureza humana.
Nós somos mistérios para nós mesmos. Como conhecer o outro sem restrições? Como seres humanos, nós somos irrepetíveis, isto quer dizer também que, somos totalmente diferentes um do outro, em outras palavras, somos únicos. Entretanto, temos posse de uma coisa que supera ou sublima todas as diferenças, estou referindo-me à razão. Pois, esse substrato que me diferencia dos animais me conduz graciosamente para uma outra percepção emocional, sutil e não física que chamamos de amor.
De posse desse substrato sutil e encantador, eu tenho, naturalmente, todas as ferramentas emocionais, para elaborar uma boa convivência com o ser que tanto amo.
Bom, isto é apenas um preâmbulo para me preparar e tentar explicar um relacionamento não muito comum. Mas, sim, muito sui-generis e de pouca ocorrência numa sociedade, por mais atualizadas que se considere que esteja. Mas, na verdade, ainda navega hipocritamente embalada pelos vários “tabus”- Isso, para mim, é uma demonstração de falta de instrução, pois a cultura de um povo é também suscetível de mudanças e atualizações.
Agora, pretendo modestamente exemplificar o assunto em pauta, para que fique mais fácil o seu entendimento. A humanidade é polivalente e evolui rapidamente, isso em função da grande carga de informação e instrução. Mas, sempre ficam os anacrônicos, que não se enquadram com os novos usos ou costumes atuais, ficando assim presos as suas ideias anacrônicas. Assim temos sempre que lidar com os antiquados e os retrógrados. Esses que a gente encontra com muita abundância por aí, principalmente, nas pequenas cidades, aonde ainda prevalecem os costumes tribais em suas aldeias. Um evidente sinal de falta de instrução ou limitação de intelecto, ou mais ainda, pois devemos considerar a desatualizada e intrometida introjeção religiosa, mal doutrinada e mal imposta.
Bom, o fato é o seguinte: Um homem com 69 anos de idade, apesar das resistências iniciais, se deixa apaixonar por uma mulher menina de 35 anos. Também é de se estranhar que, ela no evidente vigor da idade, também se deixa apaixonar pelo dito homem. O fato que se deve enfocar, é que, ela não apresentou alguma resistência, aceitou tudo como um fato natural. Aqui, por força da sinceridade, ele se considera apenas um mecenas, mas o fato é que, depois de certa convivência, ele passou a experimentar os indescritíveis deleites da mudança de simples mecenas, para abrigar em seu coração a consistência graciosa da transformação de mecenas, para um mecenas do amor. Agora, ainda vivendo em compasso de adaptações, é lógico, todos sublimados e superáveis, surge um medo ou um possível descompasso para o futuro que logo, logo, se aproximará.
Vamos tentar descrevê-lo querendo identificá-lo:
É simples, eu me casei com uma mulher de 35 anos de idade. Ela está totalmente submissa ao sentimento do amor que me devota, mas eu tenho as minhas preocupações com o futuro que logo se avizinhará. Confesso que estou apaziguado com o meu sentimento de amor maduro, entretanto muito me preocupo com o futuro, pois o tempo é um senhor impiedoso e eu já sinto os rigores desse incoercível ditador.
Acho que vou ler mais sobre Pitágoras, ele, por certo, muito terá o que me ensinar.