Tomates Verdes Fritos

Eu estava a procurar, no google, um fiel comentário ao relacionamento de Idgie e Ruth no filme "Tomates Verdes Fritos" (1991 - Kathy Bates, Jessica Tandy, Mary Stuart Masterson, Mary-Louise Parker e Chris O'Donnell) e foi muito difícil encontrar um que reconhecesse a maravilhosa história de amor entre as duas personagens.

Quando finalmente encontrei, abaixo havia um outro comentário que dizia assim: "Me desculpe, mas não concordo com o que disse acima, pois o amor das duas era algo genuino e verdadeiro que transcendia a carne... O amor Cristão é assim, se vc ler a história de Jonatas e Davi na Biblia em I Samuel vc entenderá esse amor (...) Davi foi consagrado ao Senhor e ele possuía um coração segundo ao coração de Deus... Por tanto, nossos olhos devem se despojar da maldade do mundo e receber o verdadeiro amor Cristão como as crianças o fazem sem máculas e maldade..."

Mas quem foi que disse que o amor que conhecemos como "carnal", entre duas mulheres não é genuíno e verdadeiro? Por quais motivos mundanos só enxergamos o amor como genuíno e verdadeiro quando este se apresenta dentro de uma fôrma social? "Motivos mundanos" sim, pois aos mais interessados basta ler a bíblia em latim, em seu texto original, e verá que Deus nunca condenou o amor de nenhuma espécie; à intolerância e ao preconceito, sim... sempre. Mas a história de amor é tão linda e perfeita que é mais lindo e perfeito acreditar que aquelas duas mulheres não eram um casal... peço perdão por minha intransigência, mas desafio qualquer um a dizer que não pensaria nas duas como um casal, caso uma delas fosse do sexo oposto.

Temos direito de ver o que quisermos ver; mas se vamos discutir o que o filme quis nos mostrar, cujo roteiro foi realizado pela autora do livro, peço aos desavisados que leiam o livro, pois a autora deixa claro a que veio quando relata a sensual cena das abelhas, o pedido de Ruth aos pais de Idgie para viver com ela, Ruth com ciúmes "carnal" de Idgie por causa de Eva Bates, a postura de todos os habitantes da cidade com relação ao "casal", as inúmeras declarações entre as duas... e muitas e muitas e muitas outras obviedades.

Enfim... aos sensíveis e desprovidos de preconceito é possível perceber neste filme cheio de muitos outros temperos uma fantástica história de amor contada de forma delicada, natural e sutil... e a vida continua na Parada do Apito, como se houvesse um mundo mágico onde o amor é celebrado em toda a sua magnífica diversidade.

Kenia Tinôco
Enviado por Kenia Tinôco em 06/01/2007
Código do texto: T337918