HUMILHAÇÃO ARGENTINA

Em menos de 3 meses de conflitos estúpidos entre argentinos e britânicos mais de 900 mortos oficialmente, sendo humilhante para os argentinos que perderam quase 700 dos seus e viram seus dois sonhos em forma de ilhas sendo sancionados em nome de Sua Majestade, a Rainha Elizabete II. No dia 2 de abril os povos de Argentina e Inglaterra lembrarão seus mortos após 30 anos daquele fatídico dia em que duas nações duelaram em nome das Ilhas Falklands, ou como a conhecemos, Ilhas Malvinas!

Do lado superior do mapa, no Atlântico Norte, elas sempre foram conhecidas como Geórgia e Sandwich do Sul; já na parte baixa do Atlântico, elas eram carinhosamente batizadas como Malvinas. Sempre estiveram perto da costa argentina, mas sob domínio britânico; isso desde 1833, mas antes disso elas pertenceram a França e a Espanha; e depois da Independência da Argentina, em 1816, “los hermanos porteños” também queriam ficar com estas duas graças.

Lá nos primórdios da história contemporânea das ilhas, elas serviam de entreposto para a caça de baleias; atividade hiper econômica para todas as nações. Com a quase extinção destes animais, as ilhas serviam apenas para massagem de ego e orgulho pueril de Argentina e Inglaterra. Muitas décadas depois, elas voltarem a ser utilizadas para armações argentinas que camuflavam operações secretas do governo ditatorial.

O joguinho medíocre de gato e rato, para saber quem mandava no pedaço, durou mais de um século, mas o registro de posse sempre seguiu nas mãos da Rainha Elizabete II; as ilhas eram e permaneceram sob domínio inglês, porem, sempre houve um clima de tolerância para a permanência e gozo por parte dos argentinos.

Em 1982 este jogo, cuja Grã Bretanha já se sentia dominante, resolveu tomar ares de cinema. Uma ação, mais ou menos planejada, por um grupo de militares argentinos tomou de assalto as Ilhas Malvinas e renderam a pouca força militar que os britânicos mantinham por lá.

Do lado argentino a figura do ditador Leopoldo Galtieri mostrava aos jovens imagens comoventes que despertaram em um punhados de idiotas lunáticos a frenética vontade de lutar em nome da pátria; eles esqueceram de quem estava do outro lado. No comando tático britânico estava a Dama de Ferro, a temida Margareth Thatcher, gozando de seu pleno vigor político e cercada de aliados poderosos, inclusive ONU e OTAN.

Além da guerra deflagrada entre dois países, que inclusive podia envolver a nós brasileiros, começava outra guerra, a psicológica entre vários outros países. A Embaixada do Peru em Londres abrigou todos os diplomatas argentinos; já os diplomatas britânicos em Buenos Aires foram abrigados na Embaixada da Suíça. Outras guerras intelectuais e políticas também foram deflagradas. Na ocasião da invasão argentina às Ilhas Malvinas, vale registrar que ainda existia a União Soviética, o Muro de Berlim e Fidel Castro era uma espécie de ícone temido.

Os Estados Unidos após sua declaração de apoio a Inglaterra começou a ser duramente criticado pela URSS por seu eminente abandono do mais fraco. URSS e Cuba passaram a assediar a Argentina para tê-la entre os aliados do bloco comunista; esqueceram apenas de associar que o Governo argentino era militar convicto e provinha de um golpe. Os militares argentinos detestavam os comunistas; e foram abandonados pelos capitalistas...

A guerra medíocre permaneceu muito mais no campo dos nervos do que no combate propriamente dito; até que o bloco que apoiava os ingleses resolveu partir para a cooperação. Após mais de um mês de nervosos bate-bocas entre Argentina e Inglaterra, que se diziam donos das Malvinas, militares britânicos começaram a aparelhar a reocupação e posse categórica do arquipélago.

O mundo começou a observar então uma brita desproporcional, onde Golias tinha plena condição de matar Davi com um único golpe, mas não o fez; o Golias inglês mandou para a região nervosa uma parte pequena de seu arsenal de guerra e utilizou da tecnologia de época para neutralizar a ínfima força militar argentina.

Alguns amigos que possuo na Argentina e que estiveram próximos de entrarem no conflito, já me disseram que foi uma espécie de covardia inversa, porque o Governo militar argentino sabia que os jovens convocados seriam massacrados; ainda assim, eles enviaram milhares de garotos sem nenhuma noção de combate para brigarem em nome da pátria; e boa parte deles não voltaram a ver seus pais e irmãos. Para se ter uma ideia da desproporção entre as forças, o único submarino argentino era movido a diesel e elétrico; e fora fabricado durante a Segunda Guerra; os britânicos tinham submarinos nucleares projetados para a Terceira Guerra Mundial...

As batalhas permaneciam ativas em mar e terra; as duas nações mantinham também aeronaves de combate, mas estas não foram decisivas durante o conflito. Os argentinos perderam de uma só vez 323 soldados durante uma destas batalhas, enquanto os britânicos não contaram nenhuma baixa entre os seus.

Em 20 de maio de 1982 os soldados argentinos sobreviventes demonstravam mais medo do que patriotismo, mas nada podiam fazer naquela altura do conflito. O clima era muito frio, chegando a -10 graus; eles estavam numa ilha cerca de inimigos bem equipados e com ordens de matar. As negociações de paz apresentadas pelos intervenientes plantonistas não davam certo. Relatos de guerra afirmam que a força militar argentina sofria uma fraqueza essencial: uma parte significativa estava composta por infantaria de recrutamento obrigatório, não voluntários profissionais; entre eles, inclusive, havia estudantes dissidentes com o regime que foram enviados de castigo, e cuja moral de combate era evidentemente baixa. As comunicações navais com o continente estavam cortadas, e as comunicações aéreas sofriam graves alterações em suas operações devido à constante presença de patrulhas de caças inimigos. Não obstante a isto, a Força Aérea Argentina esteve à altura das circunstâncias e manteve o contingente no arquipélago abastecido até a última noite da guerra, apesar de condições tão adversas.

O cerco as Ilhas Malvinas, de fato dava medo; ao redor do arquipélago estavam, nada menos que 120 navios; entre estes barcos, 33 eram modernas embarcações de guerra de última geração; ainda assim a Argentina não se rendeu e ainda fez muito estrago até o dia derradeiro do conflito. Quando eles, os argentinos, puseram em prática o seu plano aéreo militar, uma ferida foi aberta na sensível força militar inglesa. Muitos navios ingleses foram afundados, porque eles não imaginaram que os argentinos fossem reagir como o fizeram.

A guerra inútil que serviu apenas para dizimar um punhado de gente e para massagear o ego dos ingleses, deixaria muito mais vítimas nos dias seguintes ao término dos conflitos. Os argentinos afirmam que mais de 450 pessoas se suicidaram após sucessíveis crises de consciência; eram os graves efeitos traumáticos de uma guerra ocorrida num país, que mesmo sendo dominado por militares golpistas, não estavam preparados para o front.

Em junho de 82 a inteligência militar inglesa inicia uma série de conversas via rádio com o Comandante argentino nas Malvinas; finalmente o convence a se render incondicionalmente e a transmitir ordens de rendição a toda sua tropa.

Faltando 1 minuto para a chegada do dia 15 de junho de 1982 as Ilhas Malvinas oficialmente voltava a ter o nome de Falklands e estava 100% sob domínio inglês. Cerca de 8 mil soldados argentinos foram declarados como prisioneiros de guerra e em menos de um mês todos já estavam repatriados em segurança, pelo menos é o que dizem os anais oficiais da guerra.

O saldo letífico de guerra do lado argentino foi: 649 mortos, 1.068 feridos, 11.313 aprisionados. Afundados: 1 cruzador, 1 submarino, 4 cargueiros, 2 barcos patrulha, 1 traineira para espionagem. Derrubados: 25 helicópteros, 35 caças, 2 bombardeiros, 4 aviões de carga, 25 aviões de ataque ligeiro e 9 traineiras armadas.

Do lado britânico: morreram 255 soldados mortos e 3 civis, 777 pessoas feridas e 115 aprisionados. Afundados: 2 destróieres, 2 fragatas, 2 navios logísticos de desembarque e 1 navio porta-container. Derrubados: 24 helicópteros e 10 caças.

A memória desta guerra estúpida, por parte dos argentinos, divide opiniões até hoje. Muitos acreditam que a Inglaterra humilhou uma nação fraca e despreparada; muitos também acham que foram os próprios argentinos que provocaram sem ter a menor organização para encarar as implicações que toda ofensiva militar provoca.

Pelo menos duas vezes por ano eu vou a Argentina; tenho amigos em todas as províncias e adoro curtir cada canto daquela terra. Em todas as minhas viagens, jamais discuto ou arrazoo sobre os seguintes temas: futebol, Pelé, Maradona ou Ilhas Malvinas!

30 anos depois, Argentina e Inglaterra voltam a trocar farpas publicamente. Os dois lados corroboram que não aspiram que esta ferida conclua seu processo de cicatrização. O que o mundo sensato espera é que esta ferida não vire um câncer e que pessoas como nós, os brasileiros, não tenhamos que pagar, também, por mais esta conta; a conta cara da estupidez de gente medíocre que lucra com a morte de inocentes...

Deus permita juízo nas cabeças desta gente; esta gente hipócrita!

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

CHaMP Brasil
Enviado por CHaMP Brasil em 30/03/2012
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