CADÊ OS OUTROS?

CADÊ OS OUTROS

Na área de terreno baldio, que os moradores da zona rural chamam de “terreiro”, nas imediações do lugar denominado “São João”, distrito da sede deste município, sempre brincam os quatro irmãozinhos: a Jaqueline, a Bruna, o Sebastião Júnior e o Afonso. Num belo dia, como tenho o hábito de fazer, ou seja, caminhar pelo asfalto que conduz até o distrito de Anutiba, não avistei os quatro maninhos naquele “terreiro”, brincando ou chutando bola. Desta vez estava somente a mamãe deles e a Jaqueline - a primogênita. Deparei com essa menina ajudando sua mamãe a varrer o quintal, “dando uma forcinha” à sua genitora que estava por perto, estendendo roupa no varal!

Fui logo perguntando, quando passava em frente ao quintal: “Cadê os outros?”. A mamãe prontamente respondeu: estão lá dentro cumprindo outras obrigações!

Não foi desta vez que a pergunta foi pertinente. Não se tratava (como inicialmente cogitei que fosse) de uma filha trabalhando e os demais irmãozinhos no “bem-bão”! Não!

Essas crianças estão sempre juntinhas, no quintal ora brincando, ora trabalhando e sempre alegres! E, quando não pude ver todas elas juntas, logo senti a falta dos que não estavam no “terreiro”.

Em certo programa humorístico (na década de 1980) da Rede Globo (a Rede de TV que o Jorge Kajuru odeia e quer ver falida), um personagem (fantasiado de símio) sempre, ao final da cena, era levado preso para o “xadrez”, olhava para dentro da cela e para trás, interrogava: “Cadê os outros?”

Ele tinha razão e queria sempre saber, há muitos ladrões, “cadê os outros?” Há muitos

meliantes” “Cadê os outros?” Há muitos corruptos! “Cadê os outros?” E por aí se vai!

Em certa música popular de alguns anos, em sua acertada letra, estava contido o seguinte: “Se gritar pegar ladrão, não fica um, meu irmão!”

A resposta fica por conta da impunidade ou do tráfico de influência que leva alguns às barras da justiça, para cumprir e pagar penas, enquanto outros mais engraçadinhos ficam impunes, deixando os demais irritadiços, que, em certo sentido, não é para menos! Afinal, cadê os outros?

Tiago e João, “os filhos do trovão” pediram que Jesus os pusesse um a sua direita e outro a a sua esquerda, um privilégio, portanto. Mas os outros dez (10) apóstolos se indignaram com eles. Onde ficaria a isonomia ensinada por Jesus em Mt 23.8? Eles estavam omitindo! E os outros dez? Não há privilégio ou primazia no colégio apostólico! Os nomes dos doze aparecem (Apocalipse 21.14) nos fundamentos da Jerusalém Celestial, todinhos, em pé de igualdade, sem que haja uma primazia para qualquer deles ou uma hegemonia de uns sobre os outros que os homens (alguns teólogos) chamam de hierarquia eclesiástica, mas que a Bíblia desconhece! Confira!

Dos dez leprosos, um somente agradeceu. E os demais? (Lc 17.17). Nestes dois episódios bíblicos também calham a pergunta pertinente e contextual de sempre: “Cadê os outros?”

Muniz Freire, 17 de junho de 2003

Fernando Lúcio Júnior

Fernandinho do forum
Enviado por Fernandinho do forum em 29/04/2012
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