INTERLOCUÇÃO E VIRTUALIDADE

Aos moldes atuais, na internet, escritor sem interlocutor é como "prostituta sem cama", como disse o General Flores da Cunha, governador do RS (1930/37), em relação à Política. O original é “político sem mandato é como puta sem cama”, segundo outros. Acho genial a tirada, e extremamente válida (por sábia) também para as Letras, em especial no tocante à criação artística. Com o atual estágio das relações humanas na aldeia global, o uso de pseudônimo – a tentativa de proteção da identidade do autor – perdeu em consistência e pouco vale. O autor tem que entrar de cara limpa, sem máscara. Mesmo que, em muitos casos, a popularidade internética pouco signifique venda de exemplares a maior, nas livrarias. Resta, como consolo, a oferta de e-books, e que vem crescendo em aceitação, especialmente entre os jovens. As redes sociais revelam: o que realmente importa é aplacar a curiosidade das comunidades, sempre ávidas de novidades, de tricos e futricos... A virtualidade tem o condão de tirar todos os véus, desnudando a privacidade. Vivemos a era do estardalhaço...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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