POESIA COMO AUTOTERAPIA

Horácio, o príncipe dos poetas latinos, que viveu ao tempo de Cristo, sugeria, em seu livro ARS POETICA, que o poema deveria maturar pelo menos nove anos antes de ser posto a nu, chegar ao pergaminho... Os tempos são outros, dois milênios além, e a vida em seu andamento é muito ágil. A expectativa de vida é muito maior (apesar de que Horácio morreu com setenta e três anos) e os recursos da Grande Rede estão aí, possibilitando imediatidade de publicação e abrangência territorial impossível de ser prevista com exatidão. E tudo num átimo... O que se observa, a todo o momento, é que a ânsia de aplauso para o autor do texto tem feito com que sejam publicadas na Grande Rede tantas obras precárias quanto ao desenvolvimento da temática e com imperfeições estéticas a olhos vistos. O provável crescimento literário do autor afere-se por sua obra, comparativamente aos cânones da contemporaneidade estética. Ficará na memória da posteridade o que representar o Novo, o ainda não dito com talento e arte à altura de lograr permanência. E ainda se pretende que as obras gestadas sem maiores cuidados resistam ao passar dos anos... Bem, cada louco com a sua mania... Para alguns, devido à ausência de profissionais de saúde, o poema serve como terapia individual. Parece aconselhável não esquecer o velho sábio Horácio e seus pontuais conselhos.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

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