O NÓ CEGO DE ALGUNS NÓS
Demétrio Sena - Magé
⁠Alguma inividualidade no amor é saudável, se não for indigna; se puder poupar o outro de mágoas desnecessárias e a nós mesmos de mal entendidos. Nem tudo é conjugado ou conjugável... merecemos algum momento para nos entendermos com o nosso eu.
Embora gêmeas, as almas devem continuar divisíveis, para que não percam a própria essência... e se duas carnes realmente são uma só, que ambas as metades desfrutem, vez e outra, de auto permissões e até permissividades capazes de lhes fazer bem... entretanto, sem que signifiquem qualquer infelicidade ao lado.
Queiramos isso tanto para nós próprios quanto para quem amamos ou com quem partilhamos nossos dias. Permutadamente, a ausência total da individualidade de um e do desprendimento do outro pode ser bem nociva para o próprio par. É como se vivêssemos sob suspeita e necessidade contínua de provar nossa índole.
A relação a dois em que os pares perdem completamente seus eus para o nó cego de um nós indivisível, sempre concreto e radical não é, precisamente, uma relação de amor... é uma relação de custódia, mesmo que velada... Síndrome Reciproca de Estocolmo.