SOBRE RÓTULOS OU ESTIGMAS

Demétrio Sena - Magé

Aí eu confesso inadvertidamente para mais uma pessoa, que acompanho várias novelas e, a resposta, é aquele velho e marcado mantra: "Ah, eu prefiro ler um livro!". Seria normal eu murchar as orelhas e me recolher à própria insignificância; o que que não fiz. Faria isso em outros carnavais (que também assisto pela tevê), mas hoje não me recolho.

Ai, meus sais... mas quem foi que disse que ver uma novelinha impede alguém de ler um bom livro? Ou quem foi que disse que um noveleiro não é também um leitor? Que diabo de preconceito é esse? A Constituição Brasileira manda escolher entre novela e livro? Justamente novela, que não é nada menos do que uma obra literária?

Já passei dessa fase do "eu sou inteligentão" e, só por isso, não vejo novela, BBB, A Fazenda, Chaves, Faustão e Chapolin. Não existe mais essa história de MPB ou sertanejo, funk ou clássico, Reality ou documentário. Por acaso não gosto do BBB, mas conheço pessoas inteligentíssimas que apreciam, tiram belas lições e no dia seguinte vão devorar livros.

Até há pouco eu não suportava, por exemplo, futebol... mas um belo dia, depois de ver um gol que o narrador chamou de "uma pintura" e realmente foi, por tamanha beleza, passei a gostar do troço, porque sempre quero ver "uma pintura" em campo. Fiquei viciado nesse tipo de pintura e não dispenso o que promete ser uma boa partida. Se não for, largo no meio. Mas pelo menos começo a ver.

Agora vou à novela... é hora da FORÇA DO QUERER e marquei um encontro com Bibi Perigosa. Amanhã termino o infanto-juvenil que iniciei. Sim, o infanto-juvenil. Aprecio todo tipo de leitura. De Machado de Assis (passando por Shakespeare, Martha Medeiros, Oscar Wilde), a gibis do Batman, Homem Aranha, Luluzinha e Mulher Maravilha.