Para cada caso, um caso, assim são drogas

Para cada caso, um caso, assim são drogas.

Tem certas situações que acontecem quando atuamos no tratamento de dependentes químicos, que nos provocam inúmeras reflexões. A dificuldade de uns para vencerem as drogas, em outros a facilidade de recaírem e noutros a facilidade em deixa-la.

Durante anos analisando os acontecimentos, as peculiaridades dos recuperandos que buscaram-nos para tratamento. Através de diálogos, observações de seus comportamentos, analisando cada recuperando em seu contexto social, familiar, cultural chegamos a conclusão que não temos respostas definidas ou concretas para muitas perguntas.

Certa vez, tive um recuperando ( álcool ) que ao dar inicio em seu tratamento teve uma aplicação e inserção dentro do programa sem dificuldade. Participava de todas atividades, aplicado na metodologia. Seu desempenho na laborterapia, reunião de grupos, espiritualidade era excelente. Pessoa comunicativa, com facilidade em expor sua historia de vida, suas angustias. Embora, era nítido sua vontade de sair do álcool, de reconstruir sua vida, este recuperando de tempo em tempo recaia, embora passou por varias vezes na entidade e em outras, até hoje continua no álcool.

Temos alguns casos que determinados recuperandos, mesmo não demostrando aplicação no tratamento, tendo permanecido por um pequeno período, hoje encontram-se completamente abstinentes. Jamais recorreram as drogas novamente.

Há casos onde os recuperandos, mesmo dentro do tratamento não aceitando-se dependentes, embora não conseguindo assimilar nada do que lhe fora transmitidos, hoje não fazem uso de drogas, embora continue com a mesma mentalidade, isto é, não tendo uma evolução dentro da conscientização das drogas, porem estão sóbrios.

Temos vários que passaram pelo tratamento, se esforçaram o máximo, trabalharam em seus emocionais, tiveram um forte despertar espiritual, conseguiram superar as drogas, porem vivem em eternas angustias e se não haver um apoio passo a passo, o crescimento espiritual recaem novamente.

Alguns que após o tratamento tiveram recaídas drásticas, mas que com o passar do tempo, reergueram sem ajuda de outros e hoje não fazem mais uso de drogas, reconstruíram famílias e estão ativamente atuando na sociedade.

Também podemos observar que outros para manter-se sem recaídas necessitam de serem acompanhados plenamente, seja pela família, seja por profissionais ou amigos.

Há muitas situações diferentes e cada caso, é um caso.

Mas algo positivo é que em sua maioria, todos que buscam tratamento conseguem uma significava mudança em seus comportamentos, atingem um certo grau de conscientização referente sua dependência e a droga, mesmo recaindo constantemente há uma diminuição de consumo, com espaçamento entre uma recaída e outra.

Outra situação encontrada é que fatores familiares para cada dependente tem dimensões diferentes.

Tive muitos recuperando que estar completamente no fundo do poço, isto é, sem apoio da família, sem emprego, numa vida completamente sozinho, foi fator fundamental para procurar ajuda e assim, superar as drogas. Porém, outros esta realidade semelhante foi fatores para não saírem das drogas. A ausência da família, a percas sociais foram cruciais para o aprofundamento na dependência e falta de estímulos para sair.

Neste aspecto podemos perceber que a omissão da família permitindo o aprofundamento nas drogas após varias tentativas, para alguns é necessário no entanto, para outros o apoio da família é primordial, mesmo que aparentemente a família possa estar agindo erroneamente.

Algo também muito claro é que os alcoólatras tem dificuldade maior no tratamento que os de drogas ilícitas, e que embora determinadas drogas sejam mais pesadas, encontra por parte do dependente maior interesse em deixa-la.

Finalizando, quando abordamos o tratamento, a dependência, o uso abusivo de drogas, observamos que estamos diante de varias situações diferentes. Sendo assim, não há como usar uma única linguagem para discutir este tema.

Ataíde Lemos
Enviado por Ataíde Lemos em 19/11/2005
Código do texto: T73488