PAPO NU

Demétrio Sena - Magé

Sempre se contesta a nudez, com o mérito ou clichê da essência, como a mais importante, o que é um fato. Ontem mesmo conversei a respeito, com uma amiga querida, cuja religiosidade conservadora não a tornou fechada para tais assuntos quase sempre desnecessariamente polêmicos. A nudez do corpo está sobre a essência como a roupa sobre o corpo. Tanto quanto a pele, o pano apenas envolve a essência, o caráter ou a alma. O que se faz nu ou vestido, que atinja o próximo de maneira danosa em qualquer grau fisico, emocional ou psíquico é o que define quem é quem... por dentro e por fora.

Há culturas regionais ou étnicas, hábitos e até esquisitices pessoais relacionados ao corpo. Também há leis e códigos que definem espaços - físicos ou de outras naturezas -, ocasiões e conceitos para nudez individual ou coletiva. Isto significa o reconhecimento legal de que o cidadão - cidadã - de bom ou mau caráter, essência boa ou má tem suas divergências socioculturais, de hábitos, conceitos e visões relacionadas à nudez. E como em tudo na vida, o eventual avanço além dos próprios direitos, o que feriria direitos de outros, é o que poderia depor contra uma essência ou índole. Todo hábito pode ser íntimo e solitário, a dois, coletivo, até exposto, porém proposto e consensual. Nunca imposto.

Em suma, nenhum ser humano tem determinada essência quando está vestido e outra quando se despe. Ou assumiremos outra essência, por exemplo, sempre que tomarmos banho, fizermos amor ou xixi, e voltaremos a ser quem somos, cotidianamente, ao nos vestirmos de novo? Sim, a essência é o mais importante. Realmente mais, inclusive, do que estarmos muito, pouco vestidos ou completamente nus - de forma não criminosa, imposta ou ofensiva. O resto é moralismo e julgamento.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 15/01/2023
Código do texto: T7695891
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