Uma Experiência Única e Estranha

(Minha Experiência já foi Postada e Contada em Vídeo no Youtube anos atrás)

Não costumo falar sobre isso por receio das críticas, julgamentos, etc, e tem coisas que prefiro guardar só pra mim. Porém, acredito que chegou a hora de compartilhar isso.

Se foi visão ou outra coisa eu não sei. Mas, o que aconteceu foi isso ...

Nasci em 28 de junho de 1971 na Cidade do Rio de Janeiro. E entre os anos de 1991 a 1993, trabalhei no aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro no setor de Almoxarifado e no Controle de Qualidade de Componentes Aeronáuticos no Hangar de uma Empresa chamada Lasa Engenharia e Prospecção.

Lembro que certo dia cheguei normalmente para trabalhar, fui até o refeitório tomar café, e depois me dirigi ao vestiário para por o meu uniforme de serviço. De lá, segui para meu local de trabalho no setor de almoxarifado onde continuei a fazer auditoria que já vinha realizando nos stands de material aeronáutico que haviam atrás, nos fundos do setor de almoxarifado, numa área mais isolada.

Eu estava fazendo a auditoria sozinho, enquanto meus colegas que eram mecânicos estavam no pátio interno, dentro do hangar (em frente ao almoxarifado) acabando de desmontar o motor de um avião Cessna que precisava de manutenção. E os demais, desde técnicos, pilotos, os administrativos, e a turma da limpeza, ou estavam em suas salas ou circulando pelo hangar.

Confesso que não sei explicar exatamente em que momento isso começou, mas subitamente comecei a sentir uma sensação muito estranha e sinistra, e ter a impressão de que eu era a única pessoa no hangar, já que tudo ficou completamente silencioso. Não havia mais o som do trator que um deles usava para remover parte do motor do avião, não havia mais o som das vozes dos funcionários, nem o som externo dos aviões decolando ou aterrizando no aeroporto, muito menos de qualquer outra coisa. O silêncio era sepulcral.

Então parei meu trabalho, segui de volta por um corredor até chegar na porta de entrada do almoxarifado dentro do hangar pra ver o que havia acontecido do lado de fora. Lá chegando, achei tudo muito estranho, tudo parecia estar um pouco diferente. Não havia mais ninguém, senão o silêncio e o vento batendo nas chapas das portas do hangar.

O ambiente estava envelhecido, tudo parecia estar abandonado a várias décadas ou séculos, porém o ambiente era mórbido e triste. Decidi verificar as outras salas, mas não havia ninguém, todas estavam abandonadas, com muita poeira, papéis velhos pelo chão e salas escuras. Quando olhei para o pátio externo que ficava fora do hangar, os aviões estavam depredados, faltavam algumas partes, alguns bem destruídos, ou envelhecidos e enferrujados.

Verifiquei que o aeroporto e os aviões que estavam nas pistas principais também estavam em total abandono e muito velhos. A passarela em frente ao aeroporto havia sido quase totalmente destruída, alguns prédios tinham desabado, havia muito entulho espalhado que parecia terem sido causados por desmoronamentos.

Os carros estavam abandonados nas ruas no entorno do aeroporto com aparência envelhecida e bem enferrujados; alguns estavam amassados. Havia lixo para todos os lados, enfim um caos total e sem qualquer sinal de energia. O céu estava numa coloração cinza médio em volto a um clima melancólico, e sob a Baía de Guanabara (que fica ao lado do aeroporto) havia algo parecido com um nevoeiro cinzento.

Fiquei perdido em meus pensamentos e aflito porque parecia que eu estava vendo o que havia restado do mundo, era muito apavorante. A sensação e o sentimento de impotência diante da solidão e do vazio era tremendo. De repente, comecei a pensar, na minha família, meus colegas de trabalho, no que poderia ter acontecido.

Confesso que nessa hora passa muita coisa na cabeça de uma pessoa. Voltei para o almoxarifado onde eu me sentia mais seguro, talvez, por ser meu local preferido de trabalho ou por instinto, eu não sei porque fiz isso. E durante todo tempo me perguntava, como foi que tudo isso aconteceu tão rápido sem que eu percebesse nada.

Eu estava muito impressionado e assustado. Fiquei em pé atrás do balcão olhando para o pátio, sentindo muita tristeza, fechei meus olhos e comecei a pedir a Deus pra que me tirasse daquele pesadelo ou para que alguém mais aparecesse e me dissesse o que tinha acontecido. Eu só queria explicações, afinal minutos atrás eu estava nos fundos do almoxarifado fazendo meu trabalho e de repente tudo ficou daquele jeito?

Era o mesmo lugar, mas totalmente diferente, estranho e sinistro. É verdade que só nos maus momentos é que nos lembramos de Deus, e foi a Ele que me peguei naquele momento. E enquanto eu estava ali em pé, de olhos fechados, confuso e desesperado, do nada alguém tocou em meu ombro e disse: "Que houve rapaz, você está bem?" Quando eu abrir meus olhos, tudo havia voltado ao normal. E vi que a pessoa que tinha tocado em meu ombro e falava comigo era um colega de trabalho que estava me procurando a algum tempo pelo hangar para pegar os documentos do avião que estava em manutenção e também algumas peças para o motor.

Eu estava confuso e sem entender o que tinha acontecido, além de muito trêmulo e pálido. Minha mente não conseguia processar ainda tanta informação ao mesmo tempo. Meu colega então pegou uma cadeira e me pediu para que eu me acomodasse, e foi chamar os outros que estavam próximos para ajudar a me socorrer. Em seguida alguém me trouxe um copo de água com açucar, e daí começaram a me perguntar o que havia acontecido, se eu tinha pressão alta, se havia almoçado, enfim me encheram de perguntas sobre meu estado de saúde.

Apesar de estar sem entender nada, eu sentia uma sensação de alívio, parecia que eu havia retornado de um pesadelo. Claro que na hora eu não disse nada a eles, porque eu sabia que não acreditariam em nada do que eu dissesse, então preferi dar uma desculpa qualquer e fiquei calado.

Quando eu já estava me sentindo melhor, decidi pegar o telefone e ligar pra minha casa, e minha vó atendeu depois do terceiro toque. Ao me identificar pra ela, a primeira coisa que minha vó disse foi: "senti que algo muito ruim estava acontecendo com você, e orarei por você pra Deus te proteger". Apesar disso, não contei o que realmente tinha acontecido pra ela, só disse que me senti mal. Porém, dias depois resolvi me abrir e falar sobre o que havia acontecido comigo com um dos meus colegas de trabalho, e ele me confirmou que de fato estava me procurando pelo hangar naquele dia mas sem me encontrar.

Eu nunca esqueci esta experiência assustadora e, é a primeira vez que falo sobre isso para outras pessoas. Talvez porque esse seja o momento de fazer isso. Até então só 3 pessoas ficaram sabendo o que tinha acontecido comigo. Meu colega de trabalho, minha avó, e um tio que também teve o mesmo pressentimento que minha vó, de que algo estava acontecendo comigo. Se isso tem haver com o tema "setealém" ou não eu não sei; mas lembro muito bem da sensação de solidão, de vazio, de desespero, o clima mórbido, e o sentimento de estar totalmente impotente diante do desconhecido. Essas sensações são impossíveis de esquecer.

Jamais esqueci dessa experiência, e confesso que não desejo isso pra ninguém. Mas de uma coisa eu tenho certeza, "existem coisas entre o céu e a terra que a nossa vã filosofia não consegue entender e nem explicar".

Eu acredito que muitas pessoas já passaram ou ainda passem por experiências assim. Vi numa postagem que haviam outras pessoas mencionando experiências semelhantes. Muitos não contam por receio, vergonha ou por achar que serão julgados por isso.