Por uma estética da amizade ...

Por uma estética da amizade ...

Eco só produzia ecos de Narciso,a jovem infante (que não possui sua fala).Estas(es) Ecos tornram-se pais que calam, potencializando faltas, silenciando as falas ...

"em busca das palavras vamos,como vagabundos numa noite sem estrelas,actores de nós mesmos, contudo inocentes,como a criança que, no umbral de uma nave de pedra, projecta um grito grávido de ressonâncias, que longamente ecoam." (Gonçalo Bruno de Sousa)**

Nada mais inocente que um grito que desmonta espaço e tempo e faz ecoar a potência do instante primeiro ;a infância do Eco é silêncio,sem logos,sem Fala- ruptura ,espreita e firmamento, horizontal sedimento de um novo Pro-cedimento circular:Pa- lavra.

A pergunta filha do desconhecimento é o ressonante Eco do grito amadurecido “ A paz que cala não é paz é medo”!

O movimento do humano se faz no sentido de viabilizar a subsistência do sujeito, sua dignidade enquanto falante, portanto, humano.

Por que desaprendemos de perguntar? Desistimos, desestimulados pelos medos herdados, copiados, ou impostos ,silenciados pelas falas autoritárias que ditam os comportamentos ? Como avestruzes tantas vezes nos portamos diante ao mundo das perguntas... Há um mundo a ser descoberto e construído.

O mais belo da inocência é o não saber e permitir-se ao espanto perante a novidade. A curiosidade, o interesse levam ao experimentar. O desejo produz as perguntas que nos fazem caminhar, dialogar com a vida, pesquisadora,cética é toda criança.

Qual potência existe e surpreende a cada questão, “de onde vem a noite ?”

As perguntas mais absurdas demonstram o desejo de pertencer ao mundo, sei , estou falando sobre o obvio....Entretanto pergunto nós adultos nos permitimos questionar o bastante , sermos céticos ante as certezas que se desmontam ? Reporto-me a infância para falar da apatia que se instala em determinados sujeitos.

A melancolia, a depressão,as ansiedades da modernidade foram geradas por silêncios, ausências de “por quês”?

De “comos?” ...etc... Questões que caladas pela falta de potência,de vontade de vida , feneceram.

Proponho perguntas que iniciem diálogos do mais rústico, rudimentar, mais tímido,que seja um grito que provoque ao menos no outro uma resposta “o que está havendo aí “?

Perguntas que rompam e produzam mais filosofia, arte,amizades, gosto pelo e para continuarmos em devir , em produção do conhecimento de nós mesmos e do universo. Porque não ? Por que não sentarmo-nos no nosso particular “jardim de infância” e deixamos que as perguntas desabrochem como flores a recobrir

a paisagem com maior intensidade. Não há perguntas tolas, podem ser desajeitas, mal formuladas, inicialmente, porém como disse Nietzsche “livre é o homem que aprendeu a não corar diante de si mesmo “.

O super ego severo crítico ( dragão ) poderá ser vencido pela criança livre, aspecto inocente, criador de novos valores.

Ainda em Nietzsche "A essência da felicidade é não ter medo."

Creio que não carecemos de informação mas de diálogos e questionamentos que as respostas que nos cheguem estejam carregadas de ressonâncias corajosas, livres ,diferentes de respostas prontas; “múltipla escolha”,que sejam provocadoras , radiantes, perguntas ”grávidas “ de novas questões que

excitem experimentações da própria linguagem que é logos, jogos arte em profusão, pois “Eu vos digo: é preciso ter ainda caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante “ (Nietzsche).

A criança bole com seu “não saber “

no orgulho daquele que pensa saber

o bastante para sua morna existência,

“desistência” .

Ela joga a bola,

Ele diz -“não sei jogar “

ou “agora fique quieta “ estou a pensar “

Ela insiste ,

em perguntar - “que pensas ?”

ele fala , “está bem !

“vamos jogar “!

E não mais importa o erro e o não saber

e sim o jogo do querer !

Com Agradecimentos especial aos amigos

que, nesta semana que passou, dispuseram-se a dialogar.

Notas>*> Sobre os Mitos de Narciso e Eco

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Publicado anteriormente 08/10/2005 in Jornal Ecos( Que as “ faltas” façam mais e mais perguntar)

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Virgínia Fulber –Novo Hamburgo-RS-Brasil – Terapeuta a quase trinta anos com referencia na filosofia de Nietzsche e Espinosa .Apostando na vida como obra de arte, buscou ampliar a visão de mundo Ocidental, agregando conhecimentos da filosofia e cultura Oriental. Instrutora de Yoga Esotérica Taoísta, formação Internacional; Pesquisadora em antropologia, focando a cultura dos Xavantes, convivência na Aldeia Pimentel Barbosa-MT,1983. Virgínia além mar –Poeta. Membro dos POETAS DEL MUNDO, participou da ANTOLOGIA CAFÉ FILOSOFICO DAS QUATRO- CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA , no LIVRO ECO ECO-AR AR-TE PARA O REENCANTAMENTO DO MUNDO- (Org.) Michèle Sato Ed. UFSCar, 2007. Na Feira do Livro de Porto Alegre 2007, da Antologia Poetas pela Paz e Justiça Social, ed. Alcance. Desde 2001 Colaboradora do Portal VMD, convidada a Coordenar o Canal de Filosofia do Espaço Ecos deste Portal.

Canal de Filosofia http://www.vaniadiniz.pro.br/espaco_ecos/filosofia_virginia/colaboradores.htm

vicamf@yahoo. com.br

virgínia vicamf
Enviado por virgínia vicamf em 07/05/2008
Reeditado em 10/01/2009
Código do texto: T978456