Um pouco de sossego

Poucos aceitam a imensidão do oceano que os confina.

E este oceano é tamanho que isola sonho de realidade,

olhos de olhares,

passos de passeios,

braços de abraços,

lábios de beijos,

encontro de reencontro,

amigo de amizade,

amor de bem-amado...

Poucos entendem que oceano é pra navegar.

Nenhum oceano separa quem ama de seu amado, porque amor não rima com separação.

Tu – que amas –, onde está teu amado senão em ti mesmo?

Há sempre um olhar que fala em socorro dos lábios que se acovardam.

E depois desse olhar, há sempre um mundo de perguntas que garimpam verdades para o sossego da alma aflita.

Teu amado, enquanto amado, nunca sairá de dentro de ti.

Quando teu amado aí não mais estiver, decerto nem o perceberás, porque já não o amas.

Ouve e compreende e aceita a sabedoria dos anciões:

Amor, paixão e posse têm a mesma origem, mas – embora irmãos – são sentimentos muito diferentes.

Muitos se confundem e dizem ter um quando o que têm é o outro:

uns amam e pensam que são apaixonados;

outros se apaixonam e pensam que possuem;

já alguns possuem e pensam que amam.

Amor e compreensão do amor nascem do exercício de introspecção, de resignação e, acima de tudo, de aceitação.

Sem tais exercícios, certamente nunca viverás em plenitude as emoções de amar.

Tu – que buscas o amor –, só o encontrarás quando descobrires que a procura deve ser feita dentro de ti...

São Paulo, 10 de outubro de 2013 – 16h39