Essa saudade que não me comece
Essa dor que faz de mim um pedaço;
Na insônia que o teu fio ausente tece,
O meu silêncio corta as noites de aço.
Eu choro e grito, e o meu próprio nome
Quero ouvir, responder ao meu apelo...
Minha voz, sem eco, se perde e some;
Não me ouço, sou um nada em degelo.
E, neste frio, sozinha em minha cama,
Meus olhos cegos, sem norte, à deriva,
Vagam pelo sono que me inflama,
E aportam nas frestas de luz esquiva.
Cada silêncio dobra-se em acorde
Sobre o altar em que a manhã já dorme.