Fábula de uma noite

Era noite. Já alta madrugada.

Embalava-me a brisa e eu dormia.

De repente surgiste iluminada

Como as rimas que enfeitam a poesia.

E surgiste num sonho, assim do nada,

Preenchendo essa vida tão vazia.

E trazias o amor, que doce amada!

Como o sol que ilumina um novo dia...

Eras tu, minha fábula sonhada.

Eu — o príncipe mago — e na magia

Desse encontro entre o príncipe e a fada

Nossa história de amor Deus escrevia.

Ah! Que noite, que doce madrugada!

Se sonhar é viver, eu revivia...

Fui amado e amei tanto que nada

Nem na terra ou no céu nos impedia...

Só a brisa e a neblina na vidraça

Vez em quando chamavam por nós dois.

Curiosas, queriam fazer graça;

Sussurravam, calavam: mas depois

Também elas se foram abraçadas,

Pois nem elas, nem nada impediria

Que a história do príncipe e da fada

Fosse escrita, pois Deus é que escrevia!

Ah! Que doce momento, minha fada!

Despertei finalmente... e, se eu dormia,

Hoje sei que me amaste e foste amada...

Nossa história de amor hoje é poesia!

Itapecerica da Serra, 27/10/1998 – 17h40