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Perfil

Meu nome é Ernani Miguel Lacerda Wetternick, tenho 63 anos e nasci em Porto Alegre, RS. Sou médico formado pela PUCRS em 1984. Religioso jesuíta desde 1987 e sacerdote desde 1998. Cursei Filosofia e, depois, Teologia. Comecei pós-graduação e mestrado na Espanha. A primeira, terminei. O segundo complicou e tive de "redesenhá-lo" na PUCRS, onde concluí em 2006. Ali, conheci os dois melhores professores que tive na minha vida Draiton Gonzaga de Souza e Agemir Bavaresco - os mais amigos entre todos!

Acredito que o saber sistematizado de um curso universitário é importante quando estiver em cima do "dom" da pessoa... Se não for assim, apenas serviu para torná-la mais inteligente... Sua atividade criadora nesta vida curta, rápida, fugaz, frágil, vulnerável, precária e instável seguirá outro "fluxo" porque a felicidade humana está na relização histórica dos "melhores dons" concedidos por Deus para cada pessoa em particular.

Trabalhei em Cuiabá, MT, como vigário paroquial durante seis anos e dez meses. Antes, a partir do 2º semestre de 2006, dei, durante quatro semestres, aulas de ética na Universidade Católica de Pelotas. A partir do 2º semestre de 2015, fui professor de teologia, durante quatro semestres, na Faculdade Católica do Mato Grosso em Várzea Grande, MT.

Vivi em Florianópolis, SC, de 2019 até metade  de 2020 como Assessor Espiritual da Casa de Retiros "Vila Fátima" no Morro das Pedras, sul da Ilha. Morei em Londrina, PR, na Paróquia Nossa Senhora Rainha do Universo durante 14 meses. Dia 04/08/21, cheguei em Pelotas, RS, para nova missão como Capelão do Hosptial Santa Casa de Misericórida.

 
Achei melhor apresentar-me no Recanto das Letras somente depois de ter escrito algo que eu mesmo houvesse aprovado previamente como portador de certa qualidade literária. Muitos dos colegas recantistas parecem ter gostado do que escrevi, segundo registro anotado por eles logo após a leitura das crônicas como vocês podem ver.
 
Estamos vivendo hoje uma época de racionalizações de todo tipo: científica, filosófica, teológica, histórica, universitária, gestora, governamental, etc. No entanto, à arte da palavra cabe um espaço muito restrito... Nem os jornais, em sua grande maioria, ocupam-se em apresentar literatura... Considero a homilia – pregação da Palavra de Deus – uma crônica falada que muito me expande e agrada! Então, surgiu a questão: Por que não escrever algo direcionado à arte da palavra, sem mais?
 
A maneira como as coisas são ditas ou escritas é o que dá calor humano à vida! Claro que é importante estudar, dar razões de nossas posições, ter um curriculum com mestrado ou doutorado... mas disso o mundo já está cheio! E parece que as soluções esperadas não são diretamente proporcionais a todo o esforço racionalizador e curricular existente...

Por exemplo: sabemos e temos os meios para acabar com a fome no mundo... e por que ela não acabou ainda?! Porque, certamente, existe algum fator tão ou mais importante do que o conhecimento para solucionar os nossos problemas... ou um "complicador" para a aplicação de nossos conhecimentos maior do que imaginávamos...  

Nós "curriculados", formados, pós-graduados, mestrados e doutorados somos inteligentes?!? Ou nossa inteligência é apenas um "container de conhecimentos"?!? Passar pela universidade só nos ajudou a robustecer nossa  vaidade?!? É necessário mesmo desfilar repetidamente nesse "mundo dos espelhos" para mostrar para mim e para os outros que somos possuidores de uma "ontologia" que preste para alguma coisa?!? Ou não servimos para nada - não queremos nos dar conta disso - e necessitamos dessa "muleta" infladora do ego para seguir "sendo", aparentando?!? (e enganando...)

"Javé sabe que os pensamentos do homem são apenas um sopro. Feliz o homem a quem educas, Javé, a quem ensinas com tua lei, dando-lhe descanso nos dias maus ao passo que para o injusto se abre uma cova". (Sl 94 [93], 12-13)

Quando Jesus entra em Jerusalém, ele toma emprestado um jumentinho. Está rodeado de seguidores entusiasmados. Nesta cidade, estão estabelecidos os poderes executivo (governador, equipe e militares) e religioso (sumo-sacerdote judeu, saduceus, anciãos do povo, fariseus e Templo). É "ego inflado" para todos os lados... Ninguém escapa! Jesus, com este sinal, quer mostrar que os participantes de seu mundo optam pela simplicidade, humildade e alegria espontanea... Quem deseja algo diferente, erra!

Quem sabe não estão faltando agora muito mais autenticidade, honestidade, sinceridade, escuta,  sentimentos, encontros humanos, convivência, diálogo, expressão e misericórdia  entre nós – comunidade humana –, uma vez que os frutos da razão já os temos alcançado em "boa dose"? Como diz a música gaúcha "Canto Alegretense": "Não me perguntes onde fica o Alegrete, segue o rumo do teu próprio coração!"

Martha Medeiros, a quem nunca vou chegar a igualar, mas que segue sendo um de meus modelos literários, diz que "escrever é fugir de casa..." Achei genial! Depois, a gente gosta de visitar essas "fugidas"... Talvez seja esta a pista de que eu gosto mesmo de mim, da aventura de ser eu mesmo, de poder passear alegremente "em cima" do meu "dom"...

"Quanto a mim, como oliveira verdejante na casa de Deus, é no amor de Deus que eu confio, para sempre e eternamente". (Sl 52 [51], 10)

Nota: O meu "dom", segundo o teólogo Andrés Torres Queiruga, é a realização de minhas possibilidades autênticas. Assim entendido, ele coincide com a minha moralidade (autonomia) e minha vocação.

A aderência do Plano de Deus na história é a realização do meu dom, do teu dom, dos dons de todos os seus filhos e filhas.