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Motivado por D. Nilce, uma professora de "Educação, moral e cívica", disciplina obrigatória na década de 70, anos conturbados politicamente pelo regime militar, iniciei minha trajetória no mundo das poesias: Um concurso de poemas. Muito tímido, a princípio desprezei completamente a possibilidade de participar, porém, era obrigatório e não tive outra opção. Suas palavras e sua doçura me motivaram: "Escrevam o que lhes vier à cabeça, escrevam o que vocês sentem de bom, de ruim, de medo, de alegria...joguem no papel aquilo que os incomodam, livrem-se deles!ou eternizem o que há de mais belo dentro de vocês, a comunicação escrita é um tesouro. Não se preocupem com normas, regras gramaticais, leis...desabafem!". Bem, é óbvio que não me recordo com tanta clareza de suas palavras, mas chegaram muito perto disso.
Escrevi o meu poema e tirei em primeiro lugar. Não tenho este poema, nem me lembro do título ou tema, lamentavelmente, todavia tenho este momento como uma grande descoberta de minha vida. A Professora Nilce, esposa de um militar da marinha! se transformou em minha grande amiga, meu ídolo, minha guru, meu anjo da guarda. Eu tinha uma atenção toda especial dela, até que seu marido foi transferido para Brasília. E a dor da perda foi amenizada pelas palavras no papel como ela havia me ensinado.
A partir de 1980 comecei a guardar os meus escritos, percebi que eram realmente meus tesouros, eram partes de mim. Meus textos são todos organizados em ordem cronológica, considero importante registrá-los com a data, em meus rascunhos ponho até a hora, pois, nenhum deles foi escrito aleatoriamente, são realmente pedaços de mim.
A evolução de meus escritos, de meus discursos são percebidos através dos anos, eles foram amadurecendo comigo, ou não! pois percebo vivamente ainda em mim aquele menino sonhador, sensível, quase bobo, que a dureza das pedras do caminho e os tombos não mudaram, só deixaram cicatrizes como troféus e privilegiado em ter ainda o dom das palavras pra amenizar as dores das feridas que ainda insistem em me mutilar e dividir a beleza de meus sentimentos, integridade, sonhos e desejos.
Não me considero um poeta, apenas transporto para o papel aquilo que sinto, desta forma, desabafando e eternizando momentos marcantes de minha vida.