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Penso que todo texto merece assim como qualquer criança recém nascida os devidos cuidados dos pais, pois caso seja constatada a incongruência de seu abandono, morrerá antes mesmo que se deixe crescer. Como qualquer mulher, e deixo claro que gosto de comparar os escritores ao gênero feminino não encontrando satisfação maior nisto, não fecundamos os ovócitos sozinhos, para isso necessitamos do sexo oposto. O escritor da a luz ao texto, mas quem lhe fecunda a ideia, com os bilhões de espermas que lhe são jogados à cara, como assim tivesse em uma foda cotidiana, são as conversas nos bares, são os cafés das esquinas, são os ônibus lotados, passeios nos parques, os desentendimentos amorosos, a tenra observação na pracinha. O escritor precisa apenas estar no período fértil, para ser fecundado pelas ideias, e o resultado de todo esse sexo que nos ínsita a vontade de viver é o texto bruto, ainda criança, que com o tempo poder ser lapidado pelos seus criadores, seus pais. Consideramos nossos filhos como diamantes raros e, por vezes são eles que nos regem o orgulho de viver. De certa forma, todo diamante é apenas precioso, para o grupo que o considera precioso e, portanto o meio é fundamental para que a peripécia textual se articule, desabroche e sobreviva.