Autores

Perfil

Autorretrato
Rita Cruz
 
Na moldura fúnebre do espelho
Vejo-me esquelética e fria
Tal qual o mármore de uma cripta sombria
Minha face esfacelada em agonia
Retratando olhos sem o brilho de outrora
De minha boca grunhidos lúgubres
Sinistros sons de atroz horror.
Lembro-me da infante do pretérito
Que brincava nas verdes águas dos oceanos
E de um tempo remoto a primavera
Que se perdeu na paixão mundana
Da esposa amantética
Que feneceu em desatino
Num sofrimento de infernal torpor
Perpetuando assim em prantos
Sua melancólica sina
Medusa em padecimento eterno.