Autores

Perfil

Na minha vida houve vezes em que não me permiti viver
Olhei ao largo do percurso e vi pessoas
Poucas foram as que me ofereceram um encontro
Aquele sem hora marcada, aquele que vocifera consigo mesmo
O do melhor tipo, que inflama.
Quando da silenciosa permissão pedida
Como resposta as esporas marcaram
Encarcerado, tive de ser um outro qualquer.
Sem mais poder gritar
Só no abandono encontrei a presença necessária, em mim.
Quando em muito frio
Já não tremia, houve tempo que verdade machucava.
No solavanco do tropeço, aguardando a queda, mantive a fé
E só por ter sido feito de bobo abaixei a cabeça.
Quando não podia, vacilei.
Num último lufar amargurado, presenças marcantes vieram
Quando não interessava, me entreguei.
À saída do dédalo, sucumbi novamente
Prostrado à escadaria que conduziria à felicidade, fiquei.
Na grande roda dos pesares da minha história
Vi que a alegria está sempre um passo atrás da renúncia
E se posso escrever é porque tenho chance de perseguir algo melhor.

mateusveiga@yahoo.com.br