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O ser... poeta.

Garantem que muitos vêm ao mundo com determinada missão. Uns veem na pessoa muitas das vezes a missão errada. Outros, porém, veem o lado certo. Sentem no fundo dos olhos da figura humana tudo o que ela é. O caminho a que veio; a beleza do espírito; a aura iluminada, criada por Deus.

E eu, um dia - entre mesas de um restaurante da vida - vi passar um poeta. E poeta é aquele que deixa fluir através da letra a sua alma, o seu viver, o seu talento. Poeta é aquele que sentiu - e sente - a vida como um açoite a fustigar-lhe a sensibilidade. Este poeta, aquele de entre as mesas do restaurante, não passou despercebido por mim. Eu o senti assim.

O tempo rolou todo. Os dias amanheceram e anoiteceram. De novo, num restaurante, lá estava o poeta de novo. Não me conheceu e eu não o reconheci inteiro, como da vez primeira. Novamente o tempo rolou e o dia do poeta e do seu "descobridor" (no espírito ou no interior) aconteceu. Como um poeta ele transformou um taxi em carruagem. Eu o senti mais de perto e o ser - sempre poeta - descortinou-se inteiro, mesmo forçando a cortina. O Poeta é um tímido, sua sensibilidade, não. É uma luta intensa.

Os dias em sua rolança passaram-se de novo, preparando sua "overdose". E o poeta, em linhas lindas, de rimas e conteúdo, revelou-se quem era. Um poeta!
E, "eu pecador" - o poeta não é - joguei-me todo. Abertamente. Claramente. Ele é o poeta, mas eu sou artista. Como artista eu sou o intérprete ou o que mata a sede de interpretar, com a água em forma de poesia, que o Poeta cria.
Completam-se? Fluem-se?
Não sei. Não sabem.
O Ser Poeta tem de mostrar-se inteiro: na voz, na interpretação e no sentimento.

O Poeta - este meu poeta - esconde-se atrás de suas obras. Das maravilhas de suas rimas e ...
Canta a vida, o amor e a natureza nos versos que cria.
Ser Poeta é ser divino.
Ser divino é ser Luiz Roberto, o homem que tem a alma em forma de poesia. A poesia como a explosão de seu amor.
Ser Luiz Roberto; Ser Poeta; Ser humano.
Isto é você - POETA.

Salim Jabour
Jornalista
Volta Redonda, 1987



Salim Jabour, expoente jornalista e radialista bastante conhecido de Volta Redonda, foi a pessoa que lutou para me convencer de que eu era um poeta num tempo em que eu me acreditava tão somente um consultor de empresas que gostava de escrever poesias. Com permanentes provocações em sua coluna no jornal local, e recados mandados ao vivo em seu programa de rádio dedicado à poesia, tornava públicos meus escritos que quase geraram uma "guerra" entre nós por sua insistência em me fazer poeta (com a conivência de seus poetas locais mais conhecidos) e minha resistência aberta por achar que aquilo não passava de um recurso oportunista de um jornalista tão somente em busca de uma chance para ter mais notícias para sua coluna no jornal ou para seu programa radialístico.

Hoje o que escrevo assumiu proporções de bálsamo que mantém viva a minha alma e, de onde quer que esteja lá no andar de cima, Salim deve sorrir da minha tola resistência. O texto acima foi a apresentação espontânea de um livro que ele insistia em publicar, e que eu nunca permiti fosse concretizado enquanto ele pisou o planeta: minha primeira "descrição" como o poeta que ele tanto celebrou. As poesias "Overdose" e "Eu pecador" - que ele exaustivamente publicou de todas as formas que pôde e à minha revelia - eram suas preferidas. Resta-me agora tão somente devolver o carinho em forma de justa, humilde e póstuma homenagem.

                                                                             Luiz Roberto Bodstein



Todos os textos desta página compõem diversos livros do autor publicados pela Editora Singular, uma divisão da Ediouro Gráfica e Editora Ltda: (www.lojasingular.com.br) e PerSe Editora (http://perse.doneit.com.br/loja.aspx)