Sou DDA e DDAí? 3 - Eu li o livro e o livro me leu

Sou DDA e DDAí?

Episódio 3 - Eu li o livro e o livro me leu

Resumo do episódio anterior

...Me presenteio com uma simples gratificação e constantemente. Faço o que gosto frequentemente para suportar fazer o que não gosto muito...mas tem que ser feito…

E nas aulas de especialização ele se identificou como um DDA….o autor fez seu grupo de pesquisa em sua casa e se doutorou nessa área. Dra Cleise então escreveu num pequeno papel:

TENDÊNCIA A DISTRAÇÃO - AUTORES: EDWARD M. HALLOWELL AND JOHN RATEY

Episódio - 3

….

Dra Célia...digo Dra Cleice combinou encontros periódicos para acompanhamento. Com objetivo de ver a reação da Ritalina e dar dicas de gerenciamento de comportamento.

Na consulta a conversa em resumo para mim ficou como o comentário do juiz Armando Marques “a regra é clara”. Para eu que sou DDA começou a ficar claro o seguinte:

“Remédio com estrutura,

sem estrutura jamais”

Para ESTRUTURA a doutora quis dizer: se for ler, que seja num lugar próprio sem distração.

Se for fazer tarefas “primeiro as primeiras coisas”. Se possível completá-las do começo ao fim.

Se for conversar com alguém não se culpe por pedir para repetir novamente algo importante para evitar falsa interpretação.

Se for ter períodos longos de tarefas, faça gratificações de tempos em tempos.

Por exemplo: Terminou o texto do Seriado - Sou DDA e DDAí? levante e coma um pedaço do chocolate que ganhou no Dia dos Namorados.

Estava ansioso para comprar o livro indicado. Fui logo naquele mesmo dia da consulta numa livraria bem grande, pois sabia que teria o livro.

Fui também numa drogaria e preenchi o papelzinho amarelo e adquiri a tal da Rita Lee….digo RITALINA.

Na bem da verdade eu como DDA às vezes sempre, não compreendo direito o que ouço. As vezes ouço e faço interpretação diferente (não necessariamente “errada”). As vezes troco palavras, invento palavras novas, faço rimas constantemente ou junto palavras para facilitar a memorização.

Faço humor frequentemente por ter pouco freio no meu inibidor mental, às vezes é legal, as vezes me torno inconveniente. Conviver comigo é “humor e terror ao mesmo tempo” minha esposa e filhas que o digam. Sei lá porque faço isso, sei que faço.

Mas não comecei a ler o tal livro no mesmo dia, tranquei minha ansiedade num quarto. Queria seguir as regras, preparar-me adequadamente, lugar tranquilo, sem distração, sem interrupção, ter uma leitura bem aproveitada.

Ritalizado me sentei num parque, coloquei abafador de ruídos nos dois ouvidos, no meu caso eu tenho dois. E um livro de 357 páginas eu li em duas manhãs. Primeiro que agora sei que DDA’s fazem bem feito o que gostam e amam, eu amo ler. Segundo que o remédio estava sim fazendo o efeito prometido. Terceiro acho que tenho esse tal de hiperfoco. Terceiro de novo, que o livro acertou em cheio.

No meu caso com 40 anos na época, o livro foi me explicando os acontecimentos gerais e detalhados da minha vida. Como se eu lesse uma biografia indireta. Livro com várias peças de quebra-cabeça e eu ia encaixando na minha memória onde tinha uns buracos brancos.

Na infância palavras muito frequêntes como “fica quieto” “você é mole” “você é criativo” “você tem que falar direito” “ você troca palavras” “ você entendeu tudo errado” “você esqueceu de novo?” “você esqueceu de novo” “você esqueceu de novo”...essa foi mais frequente.”Presta atenção!!! ...essa nem me fala.

Comecei a ler o livro e não sei que parte, o livro começou a me ler. Me explicar o que tinha acontecido e o que me acontecia naquele exato momento. A ler minha mente, meus sentimentos, minhas angústias, ansiedades, comportamentos, iras, obsessões, atrapalhadas, burradas, acidentes, mal entendidos, vontade de desaparecer. Consciência de inadequação, que não era capaz, medo de se perder, de não ser amado, de não encontrar direção.

O livro me ajudou a sair da "negação"

Não tive dúvida de parar a leitura na parte de DDAs que podem se acidentar por distração crônica, Nem todos, pois somos classificados como perfumes, cada um tem uma essência. Dizia que os estudos até então apontavam que em entrevistas com familiares de pessoas acidentadas, mostravam que essas pessoas apresentavam características de DDAs que na época estavam sendo feito estudos ao redor do mundo. Para se estabelecer um parâmetro.

No meu caso, parei nessa parte do livro, e na margem mesmo comecei a fazer anotações e refletir que parte foi distração nos meus acidentes. Fui acessar meu HD cerebral, agora ritalizado para preencher a lista. Comecei com o tipo de carro e a côr para facilitar a lembrança.

Tanto carros próprios como carros que num momento ou outro emprestei, ou pediram para eu dirigir numa viagem em grupo.

Escort azul, Monza azul, Monza Verde, Kadett cinza, Besta da minha irmã ...ops!! digo veículo Besta branca emprestada que pertencia a minha irmã, Belina bege do sogro, Saveiro azul emprestada, Escort Hobby da cunhada, Quantum do pai, Chevette do tio de Recife numa viagem.

Escort azul - por distração estava numa velocidade acima do permitido, numa curva, avenida de paralepípedo, no centro de São Bernardo do Campo. No tempo do Lula-lá. Logo a frente um semáforo com sinal vermelho, estava distraído olhando num sei o que. Quando vi o sinal vermelho e duas faixas de carros na minha frente. Meu instinto foi desviar e subir na calçada.

Não deu tempo para ver se tinha pedestre ou não. Não tinha pedestre. Não deu tempo para ver se tinha poste.Tinha poste. Bati bem forte, bem no meio. Não danificou e nem desplumou o poste. Estava de cinto. Bateu tão forte a ponto do parabrisa descolar, e cair para frente em cima do capô. Me chamou atenção que o parabrisa não quebrou. O poste veio parar no meio do capô, empurrando o motor para trás. Rachou o bloco. Tinha seguro. Deu perda total.

Acho que apaguei por segundos, só um arranhãozinho de nada acima do nariz, com impacto, bati no volante. e meu joelho que encontrou o console, mas nada de ficar roxo ou lilás.

O livro teria mais para ler em mim. Tinha certeza disso. Eu não poderia mais colocar em risco minha vida, pessoas que eu amava.Esposa e filhas, principalmente.

continua...

Cenas dos próximos episódios

Depois que descobri que o DDA é criativo por natureza e "Deus não desperdiça nenhuma dor" resgatei meu gosto por fotografia. Para combater minha baixo auto-estima. Coloquei bebedouros nas janelas do meu apartamento. Dou um tempo entre as tarefas de rotina. Me presenteio com uma simples gratificação e constantemente. Faço o que gosto frequentemente para suportar fazer o que não gosto muito...mas tem que ser feito!