Sou DDA e DDAí? 15 - Zíper

Sou DDA e DDAí? - Episódio 15 - Zíper

Fui diagnosticado aos 40 anos, com DDA/TDAH, hoje tenho…

_ Môôô!!! quantos anos eu tenho mesmo?

_ 54

Isso 54

Paciência não me faltava. O que me faltava às vezes era ter nas mãos zíperes. Para colocar na boca de certas pessoas. Era só eu começar a falar, da recente descoberta, da explicação para os meus sintomas do DDA/TDAH que era interrompido, em menos de 15 segundos. Como sou até hoje! Dizem certos candidatos a terem a boca com um zíper:

_Eu também tenho isso! Também esqueço carteira, chaves e celular! Uma vez esqueci de buscar meu filho na escola...também bati o carro...

Então depois vim a entender “em parte e gradativamente” como parar de andar com zíperes nas mãos. Foi através de umas dessas frases que a gente cansa de receber nas Redes Sociais. Fiz a minha adaptação:

"Viva não dando muitas explicações sobre DDA/TDAH: seus amigos não precisam. Seus inimigos não vão acreditar em DDA/TDAH. Os outros não vão entender. Viva criativamente se recuperando do seu DDA/TDAH”

“Não dê conselho sem ser solicitado”. Foi outro desafio que me vigio constantemente. Não sou profissional, não tenho preparo especializado. Não consigo nem dar conta das espinhas do meu nariz.

No meu caso... “Deus deu para cada um, uma barriga. Para cada um cuidar da sua”

Estou aprendendo a muito custo que “cada um é responsável pela sua própria recuperação”. Alguns dos médicos especializados, com ou sem intenção, já fazem um estrago em meus amigos de “caminhaDDA”. Não me permito ser mais um a tocar a ferida do outro sem saber o que fazer depois.

Certa vez no meu inventário que escrevi, e mil e tantas palestras no grupo de 12 passos, que “tentei prestar a atenção”. Me identifiquei como uma pessoa que é “viciada em agradar os outros”. Sei lá donde veio isso. Se veio da minha religiosidade extrema. Se da minha baixo auto-estima, característica histórica de alguns DDA´s. E me pego, quando percebo, buscando “aceitação e afirmação” dos outros. Pode ser também da “rejeição” que senti da infância para adolescência pelo fato de ter sintomas “DDAlísticos”.

Também confesso que não é só vício de “agradar pessoas”. As vezes me pego como um pêndulo ambulante. Num extremo agrado pessoas excessivamente. No outro extremo tem pessoas "com propósito", com minha “ira” eu: ofendo, machuco, desrespeito e quase deixo a pessoa aleijada emocionalmente . Com impulsividade e falta de inibidor fico simplesmente descontrolado.

Bem nessas horas seria bom, que um outro tivesse um zíper nas mãos. Minha mãe tinha...zíper e cinta!

Ricardo Olah
Enviado por Ricardo Olah em 29/06/2018
Reeditado em 04/07/2018
Código do texto: T6376971
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