Carta aos eleitores - pós-eleições

Aos meus amigos e amigas...

As derrotas, por mais amargas que sejam, carregam lições. Quebram paradigmas e ensinam de verdade o que pudemos acertar e errar. Em suma, o que faltou para que a tentativa pudesse se transformar em êxito.

Entre vencidos e vencedores, sou um mero cidadão.

Um no meio de uma multidão letárgica. Entorpecida. Sem saber para onde ir e por onde caminhar.

Lutei.

Dentro da minha ação microcósmica, fiz o que pude, enquanto portador dos meus direitos políticos, bem presente na Carta Magna.

Lutei contra o poder econômico de candidatos mancomunados por diversos grupos organizados, de diversas ordens, interesses e fins. Lutei contra uma imprensa burguesa e inapta ainda a conviver minimamente dentro de um Estado Democrático de Direito.

Lutei, ao lado de poucos, mas sinceros idealistas, contra a desesperança, a incredulidade e a corrupção de parte de um povo que ainda não está pronto a ter representantes dignos e aptos a legislar ou governar cidades em torno de uma causa comum: A DEFESA DO BEM COMUM, DO INTERESSE PÚBLICO!

Mas a derrota aparente traz o consolo da vitória. Da vitória moral! Da vitória no campo das idéias.

Agradeço a todos que acreditaram nos ideais que pude carregar nestas eleições. É possível defender os ideais do trabalhismo e da democracia genuinamente popular, ainda que esteja permeado na nossa sociedade o sentimento de individualismo (hoje exacerbado) e do imediatismo.

Pena que a vitória moral não vence eleição. No entanto, quando vejo a legislatura das diversas cidades brasileiras recém eleita (em sua grande maioria), percebo que o maior derrotado deste pleito eleitoral, sem sombras de dúvida, é os mais de 180 milhões de brasileiros.

Ainda é possível acreditar que um dia (não tão cedo, mas o mais breve possível) teremos uma pátria livre, justa, soberana e solidária, voltada aos seus concidadãos - razão de ser e de existir de um país.

Vou prosseguir com o meu espírito "juvenil" carregado de idealismo. Ingênuo e crédulo, por sinal, para quem de longe o assiste. Porque sem o idealismo e a pureza dos sonhos que carrego, abraçado pelos meus ideais e pelo exemplo de desprendimento dos grandes homens progressistas, eu seria apenas mais UM.

Em suma, seria mais UM, em uma mediocridade sem precedentes - presente na simplória sociedade pós-moderna. Eis a sociedade que estou mergulhado, a contragosto: sem reflexão, sem questionamento e sem rumos.

Um abraço a todos! E até 2010, se Deus assim permitir.

Do amigo de sempre